quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Resumo de "Capitães da Areia"


RESUMO “CAPITÃES DA AREIA” (1937) - JORGE AMADO


AUTOR E OBRA
  Jorge Amado passou a infância em Ilhéus até mudar-se para Salvador.Os exemplares da primeira edição de Capitães da Areia(1937) foram aprendidos pelo Estado Novo(1937-1945) e o autor foi obrigado a viver no exílio entre 1941 e 1944.
  Quando voltou se tornou deputado do Partido Comunista Brasileiro.Dois anos depois seu partido foi declarado ilegal e ele seguiu para um novo exílio, voltando só em 1952.Em 1955 deixa a política para se dedicar integralmente à literatura.


TEMPO E ESPAÇO
  A história se passa na cidade de Salvador, capital da Bahia, entre 1918 e 1935, aproximadamente.Grande parte da história se passa no trapiche, um lugar que não era público nem privado, mas um espaço degradado e marginal, de que os Capitães da Areia tomam posse.O trapiche era infestado por ratos, indiciando a sub-humanidade a que os meninos do bando são submetidos.
  A cronologia não é completamente linear.Em alguns momentos a narrativa apresenta momentos ocorridos antes do nascimento de Pedro Bala, por meio de flashes do passado.As vezes também ocorre flashes do futuro.


CARACTERÍSTICAS DA OBRA
*É uma obra neorrealista regionalista

*Linguagem popular -> as vezes acontece repetição de palavras e ênfase de hipérboles

*Está presente na obra digressões, como quando é contado a origem do sobretudo que Professor usava e o que ele significará em seu futuro, quando ele for um famoso pintor

*Nas reportagens e nas cartas de certas autoridades a linguagem ostenta uma pompa retórica.O contraste entre esses textos e o resto do livro causa um efeito crítico e sutilmente humorístico

*O narrador é em terceira pessoa e onisciente.Possuía uma linguagem culta, mas era diferente daquela apresentada nas reportagens.Assume a defesa na transformação revolucionária da sociedade, demonizando as classes superiores e idealizando romanticamente a personalidade e a ação do proletariado marginal

*O enredo possuí dois tipos de ações:
   - as circunstanciais(episódios): encerram em si mesmas, sem fazer avançar a narrativa, caracterizando a vida coletiva dos meninos abandonados(evidencia a cidade dividida entre ricos e pobres);
   - as dinâmicas(peripécias): momentos que modificam o modo de agir das personagens


PERSONAGENS
João Grande: integrante dos Capitães da Areia, negro, extremamente bondoso e protetor, era o mais alto e mais forte do grupo.Durante a noite dormia na entrada, vigiando o trapiche.Fugiu de casa quando seu pai morreu, foi quando achou o grupo.

Querido-de-Deus: pescador, ótimo capoeirista, era amigo dos Capitães da Areia, dando aula de capoeira para alguns dos integrantes e ajudando eles em alguns assaltos.

João José, o Professor: integrante dos Capitães da Areia, adorava ler(roubava livros), muito criativo e um ótimo desenhista(possuía o dom)."Pedro Bala nada resolvia sem o consultar várias vezes, foi a imaginação do Professor que criou os melhores planos de roubo."

Pedro Bala: protagonista, chefe dos Capitães da Areia, loiro, possuía uma cicatriz no rosto(feita pelo ex-chefe do grupo, Raimundo), inteligente, corajoso, ágil, leal.Tinha um jeito natural para liderar, um senso de justiça: "trazia nos olhos e na voz a autoridade de chefe".Conhecia Salvador inteira.

Gato: membro dos Capitães da Areia, era ágil, elegante e bem-arrumado(acreditava que havia nascido para uma vida rica).Antes de entrar no Capitães da Areia participava de um outro grupo de abandonados.

Pirulito: integrante dos Capitães da Areia, magro, alto, extremamente religioso.Queria ser sacerdote.

Sem-Pernas: participava dos Capitães da Areia, tinha uma voz estrídula e fanhosa, coxo.Era o espião do grupo: analisava o lugar antes do grupo saquear, uma vez que possuía a habilidade de se fingir de "bom menino".Tirava sarro dos outros meninos do grupo(fama de malvado).Fazia isso para se esconder de sua própria desgraça.No fundo sentia uma enorme carência de afeto, o que alimentava seu ódio e vingança.

Boa-Vida: integrante dos Capitães da Areia, mulato feio, bissexual(não conseguia namorar mulheres pela sua feiúra), preguiçoso, desleixado, vagabundo.

Padre José Pedro: padre bondoso, altruísta, simples, esforçado, amigo dos Capitães da Areia.

Dalva: bela prostituta com a qual Gato saia, 35 anos.

Barandão: integrante dos Capitães da Areia, negro, corajoso, bissexual.

Almiro: membro dos Capitães da Areia, gordo, preguiçoso, bissexual.

Volta-Seca: participava dos Capitães da Areia, quieto, afilhado de Lampião(pelo qual possuía extrema admiração), perturbado(se imagina matando outras pessoas).

Nhozinho França: bêbado, dono de um velho carrossel.

Margarida: velha, magra, rica e preconceituosa.Odiava os Capitães da Areia.

João de Adão: negro, forte, líder dos estivadores(pessoas que trabalhavam na embarcação/desembarcação dos navios), amigo dos Capitães da Areia, dono de um armazém, possuía uma consciência e militância política.

Raimundo “Loiro”: pai de Pedro Bala, estivador, valente, altruísta, muito respeitado, assassinado por policiais enquanto discursava em uma greve.

Don’Aninha: magra, alta, negra, mãe de santo, amiga dos Capitães da Areia.Auxiliava os necessitados com seus conhecimentos de medicina popular e amparava espiritualmente as pessoas.

Gringo: participava dos Capitães da Areia, estrangeiro, falava enrolado, o mais zoado pelo Sem-Pernas.

Dora: loira, bonita, perdeu os pais pela varíola, extremamente valente, adorada pelos Capitães da Areia.Se apaixonou por Pedro Bala e foi correspondida.Possuía um irmão: Zé Fuinha.

Alberto: amigos dos Capitães da Areia, só aparece no final da narrativa.Era ativista político de esquerda e ajudava os grevistas.Influencia muito a vida de Pedro Bala.


SÍNTESE
O livro se inicia com uma reportagem e várias cartas sobre ela publicadas no "Jornal da Tarde.

Reportagem
Denuncia mais uma assalto dos Capitães da Areia, um grupo de aproximadamente 100 crianças de 8 a 16 anos, dessa vez em um casarão de uma bairro rico.Um jardineiro, que tentou impedir os meninos, foi ferido.Testemunhas afirmaram que o chefe do grupo possuía uma cicatriz no rosto.O jornal pede a ação do chefe de polícia e do juizado de menores em relação ao grupo.

Carta do secretário do chefe de polícia a redação
Deixou claro que a polícia não pode e nem poderia tomar nenhuma ação, devido aos assaltantes possuírem menor idade, sem a autorização do juizado de menores.A carta foi publicada no jornal com destaque.

Carta do juiz de menores a redação
Afirmava que o juizado de menores não tinha a função de capturar as crianças, tal função era da polícia.Seu trabalho era apenas designar o local onde abrigá-las.A carta foi publicada no jornal com destaque.

Carta de uma mãe
Denunciava a precariedade do reformatório(aonde as crianças capturadas ficavam).As crianças viviam apanhando, o diretor era bêbado.Disse que o Padre José Pedro poderia comprovar tais afirmações.Ela preferia seu filho no grupo Capitães da Areia do que novamente naquele reformatório.Pedia que o redator visitasse o reformatório de surpresa.A carta foi publicada no jornal sem destaque.

Carta do Padre José Pedro
Publicada sem destaque, confirmava o que a mãe havia dito.

Carta do diretor do reformatório
Publicada no jornal com destaque, afirmava que as acusações sobre ele e o reformatório eram improcedentes e caluniosas.Pedia que o redator fosse visitar o reformatório, mas de segunda-feira, apenas.Subentende-se que o “jornal” acreditou no diretor.

  Alguns meninos do Capitães da Areia dormiam em um precário trapiche: era o esconderijo do grupo.Certa vez Raimundo, que ainda era o chefe, cortou o rosto de Pedro Bala em uma discussão.Pedro para se vingar brigou com ele, ganhou a briga e a liderança do grupo.Sob a nova liderança o grupo se organiza melhor e ganha fama na cidade.
  Os meninos do Capitães da Areia eram “vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados, agressivos (...) fumando pontas de cigarro, eram na verdade, os donos da cidade, os que a conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas.”A cidade os temia, a polícia os perseguia, mas mesmo assim os Capitães da Areia tinham a amizade de alguns adultos. Desce cedo os meninos do grupo possuíam relações sexuais.Só não eram homens completos por causa da idade.
  Em uma noite no trapiche Pedro chama Professor, João Grande e Sem-Pernas para planejar um assalto pois Gonzales, um gringo que sempre “negociava” com o grupo, precisava de chapéus novos e de felho.Iria participar desse roubo Pirulito e Sem-Pernas, dentre outros meninos.
  Sem-Pernas, após a reunião, se aproximou de Pirulito, que estava rezando, para tirar-lhe sarro.Conquanto parou e ficou olhando.Sentia uma espécie de inveja e desespero.Não queria mais ter que rir dos outros para se sentir bem, queria se livrar de sua angústia.
  Sem-Pernas nunca teve família, vivia pelas ruas, maltratado principalmente pelo seus defeitos físicos.Certa noite foi preso e os soldados bêbados o fizeram correr(era difícil por ser coxo), quando ele parava o chicoteavam nas costas.As cicatrizes externas saíram, contudo as internas permaneceram.Isso o atormentava até hoje.
  Seu coração era cheio de ódio.Foi retirado da rua pelo Professor.Sabia fingir como ninguém, por isso era o espião do grupo.Por tudo isso sentia desprezo e raiva de Pirulito, que através da reza conseguia ir para um mundo sem sofrimento que conheceu conversando com o Padre José Pedro.
  Boa-Vida trouxe Gato para o grupo com intenções amorosas.Gato recusou uma tentativa de relação sexual e permaneceu no grupo.Por um tempo foram inimigos, mas depois voltaram a se falar e quando Gato se cansava de alguma menina “passava” para ele.
  Gato andava pelas ruas das prostitutas quando conheceu Dalva e a desejou imediatamente.Toda noite ele ficava olhando-a, mas ela não reparava, pois tinha um amante.Dalva só reparou no menino quando seu amante a abandonou e a partir daí começaram a se relacionar.Por isso Gato nunca dormia no trapiche: sempre estava na casa de Dalva(ela ficava com ele depois de atender seus "clientes").
  Ainda na mesma noite Gato convidou Sem-Pernas para ir na rua das prostitutas.Sem-Pernas recusou e ficou observando as crianças que ali dormiam.Todas que ali estavam não tinham família, contudo possuíam uma grande liberdade."E achava que a alegria daquela liberdade era pouca para a desgraça daquela vida."
 Continuava observando.Barandão e Almiro se enamoravam na praia.Cada um deles procuravam uma forma de carinho: o Professor nos livros, Pirulito nas rezas, Gato na cama de uma prostituta.Pensou em ferir alguém, mas desistiu.
  O grupo possuía algumas regras, como não roubar as coisas de algum integrante.
  Volta Seca entrou no trapiche e pediu para o professor ler uma reportagem que tinha a foto de Lampião.Essa dizia que Lampião havia matado 8 pessoas e saqueado os cofres da prefeitura.Volta Seca se alegrou muito com a notícia, pois ele admirava muito seu padrinho.
  Na tarde seguinte Gato, Pedro e João Grande tiveram aula de capoeira com Querido-de-Deus.Eles esperavam um sujeito para fechar negócio, mas ele não apareceu.Foram para um bar e começaram a jogar baralho(com apostas).Gato estava trapaceando, mas os dois marinheiros que jogavam junto com eles não repararam e o grupo conseguiu "faturar".Os meninos ainda esperavam o homem, quando um intermediário apareceu e remarcou o encontro para madrugada.
  Os meninos, de madrugada, foram a pé se encontrar com o tal homem em uma bairro distante.Chegando lá o homem pediu que eles entrassem.No início ficou indeciso em deixar eles fazerem o “negócio”, afinal eram crianças.Eles teriam que ir a uma chácara próxima, trocar um embrulho por outro parecido que estaria ou no quarto ou com o empregado.Se estivesse com o empregado não teria jeito, pois o homem não queria que ninguém percebesse que o embrulho havia sido trocado.
  Recebendo uma parte do pagamento os meninos partirão para a missão.Chegando lá viram no 2º andar uma mulher aflita.Muito espertos, logo entenderam que no embrulho havia cartas e que ela traía o marido com o homem.O empregado havia descoberto e por isso poderia estar com o embrulho, chantageando a mulher.O embrulho estava mesmo com o empregado, mas mesmo assim Pedro, muito esperto, trocou-os sem que o empregado percebesse e fugiu, junto com os outros.
  Chegou no subúrbio da Bahia um velho carrossel, no qual já havia andado Lampião e o seu grupo quando ele estava no interior nordestino.Nhozinho contou esse acontecimento a Sem-Pernas e Volta Seca(o qual ficou excitadíssimo).Ambos iriam ajudar no serviço do carrossel(nunca aderiram uma ideia com tanto entusiasmo) enquanto esse permanecesse na cidade.
  Quando os dois chegaram ao trapiche e avisaram que iam trabalhar no carrossel todos ficaram fascinados e invejaram eles.Em uma noite, antes do carrossel abrir, todos os meninos dos Capitães da Areia foram vê-lo.Volta Seca deu corda na pianola e iniciou-se uma música de valsa antiga.Todos abriram um sorriso, se sentindo os donos da cidade, amando uns aos outros.Nhozinho França convidou-os para que viessem andar uma noite no carrossel de graça, para a alegria de todos.
  Na noite de sábado, no intervalo do trabalho, Nhozinho deixou Sem-Pernas e Volta Seca andar no carrossel.Volta Seca foi no cavalo que Lampião andou, imaginado que fosse cangaceiro, matando todos(na sua imaginação) que estavam no carrossel.Já Sem-Pernas foi calado, imaginando que naquele momento ele era igual aos outros meninos que andavam de carrossel, amado e com uma família.Era uma sensação ótima."É como se corresse sobre o mar para as estrelas na mais maravilhosa viagem do mundo.Uma viagem que o Professor nunca leu ou inventou."
  Boa-Vida foi o intermédio que Padre vieira “fez” para se tornar amigo dos Capitães da Areia.Boa-Vida não gostava de nenhum tipo de trabalho, vivia vagando pela cidade e quando fazia tempo que não “colaborava” com o grupo, roubava algo e dava a Pedro Bala.Era tão preguiçoso que andava em trapos e só arranjava outras roupas quando as que ele vestia realmente não davam mais para serem usadas.
  Certa vez entrou na em uma igreja onde o padre José estava(para roubar um objeto) e eles se conheceram.Aos poucos o padre foi se aproximando do grupo, mas só viu mudanças no Pirulito, sendo o Sem-Pernas o menino com o qual ele teve maior dificuldade de se aproximar.
   Antes de ser padre o Padre José era um operário.Entrou no seminário pois seu patrão disse ao bispo que ia pagar os estudos de “alguém que quisesse estudar para padre.”(o Padre José ouvira tal promessa e declarou ser interessado na frente do bispo, deixando o patrão “sem escolha”).
  Mas após dois anos o patrão deixou de pagar seus estudos e o Padre José teve que pagar seu seminário, trabalhando dentro dele e sendo muito discriminado pelos colegas.Sempre tirava notas baixas(nunca fora muito inteligente), o que era recompensado pelo seu grande desempenho e sua devoção por ser padre.
  Depois de se ordenar o padre ficou esperando ser enviado para uma paróquia.Enquanto isso, ele se aproxima das crianças abandonadas.Frequentava o reformatório(aonde havia muitas crianças dos Capitães da Areia), mas quando se declarou contra os castigos corporais, como deixar as crianças sem comida por dias seguidos, ele foi proibido de entrar lá e o diretor do reformatório se queixou dele com o Arcebispado.
  Apesar de tudo, o Padre José não desistiu e começou a se aproximar dos Capitães da Areia.Sabia que o que mais faltava as crianças abandonadas era o carinho.Seu jeito bondoso, de se preocupar com os necessitados acima de tudo, causou atritos com seus superiores da Igreja,  com o diretor do reformatório, com policiais(pois os Capitães da Areia eram procurados) e com as beatas que freqüentavam suas missas.
  No início pensava em oferecer aos meninos dos Capitães da Areia que morassem com as beatas que frequentavam sua missa, mas logo percebeu que isso faria os meninos perderem sua confiança, uma vez que “a liberdade era o sentimento mais arraigado nos corações dos Capitães da Areia”.O Padre tentava ajudar os meninos, mais de todos os lados encontrava barreiras.Nem por isso desistia.
  O Padre José decidiu, com a chegada do carrossel na cidade, retirar(apesar de “errado”) um dinheiro da igreja e levá-los para andar.Na tarde de domingo convidou eles, os quais não ficaram muito animados, para grande surpresa do padre.O Professor explicou que eles já haviam sido convidados pelo dono do carrossel para andar de graça, e pediu a ele que não se chateasse por negarem o convite.
  O Padre entendeu e disse que era “até melhor assim.Porque o dinheiro que eu tinha ...”.Os meninos logo perceberam que ele havia pegado o dinheiro da igreja e ficaram surpresos com isso(no bom sentido), sendo que alguns até choraram.
  Pedro, o capitão do grupo, sentiu que tinha uma “dívida” com o Padre e o convidou para ir andar com eles.O padre aceitou, afinal era uma maneira de se aproximar do grupo.Foram todos observar o carrossel, o qual estava em funcionamento.
  Margarida passa pelo local e critica o Padre José por estar andando com os ladrões do Capitães da Areia.Esse não ligou, alegando que eram apenas crianças.Os meninos do grupo só não a assaltaram pois o Padre estava ali.Anoiteceu e todas as crianças do Capitães da Areia foram andar no carrossel.Eles se esqueceram que não tinham família, nem comida, nem carinho, apenas sentiam uma felicidade extrema.
  Pedro Bala, Boa-Vida e Pirulito estavam andando no cais a espera de Querido-de-Deus, o qual estava chegando de uma viagem.Pararam um pouco no Armazém 7, estabelecimento de João de Adão, um velho estivador.
  Foi aí que João de Adão contou a Pedro Bala suas origens: Pedro era filho de Raimundo, o “Loiro”, o qual havia sido um grevista extremamente corajoso, que foi assinado por policiais quando discursava em uma greve.A mãe de Pedro Bala era rica e fugiu para se casar com Raimundo, mas morreu quando Pedro era ainda um bebê.Raimundo era companheiro de João de Adão, o qual ainda o admirava.
  Por ser filho de Loiro, João de Adão ofereceu ao garoto um lugar para morar nas docas, quando ele precisasse.Pedro ficou encantado com a história de seu pai, seus olhos brilhavam, afinal, ele era filho de um herói.Isso iniciou uma consciência política e revolucionária em Pedro Bala, além de um certo sentimento de vingar a morte do pai.
  Querido-de-Deus chegou da viagem e foi em um candomblé, junto com Boa-Vida e Pedro.Lá Ogum(Deus da religião africana) anunciava que a vingança contra os ricos chegaria.Pedro voltava para o trapiche angustiado, pensando na morte do pai e no pedido de vingança de Omulu.
  No areal avistou uma negrinha e a desejou, queria afogar a angústia que o oprimia.Depois de muito implorar(pois queria manter sua virgindade), a negrinha "cedeu".No meio do ato saiu correndo, aterrorizada.Pedro foi atrás dela e insistiu em levá-la até a sua casa.No meio do caminho, com os soluços da negrinha, não sentia mais angústia nem desejo, apenas tristeza.Quando ela já estava perto de casa, o amaldiçoou.
  Pedro se abalou com a raiva da menina e saiu correndo pelo areal.Desejava não ter conhecido a negrinha, não ter tido a conversa com o João de Adão sobre seu pai, não ter ido no candomblé.Sentia ódio dos policiais que mataram seu pai, da cidade rica do outro lado da cidade, de ser uma criança abandonada.
  Em uma noite de chuva D’Aninha visita o trapiche e pede a Pedro Bala que resgate a imagem de Ogum, a qual fora aprendida por policiais.Naquela época havia a perseguição dos praticantes da religião africana no Brasil.Pedro levou D’Aninha para sua casa, a qual foi amaldiçoando os ricos, o que aumentou a raiva de Pedro Bala.
  O Professor sempre usava um sobretudo maior que ele.Em um dia passado, no sol quente, o Professor estava na rua quando avistou um homem com um grande sobretudo e o desenhou.Mas o homem, quando viu o desenho, o chutou.
  O Professor voltava ao trapiche, sem entender o porquê daquela violência contra ele, afinal, ele havia feito uma gentileza.De repente avistou no areal o mesmo homem com o sobretudo e decidiu se vingar: cortou-lhe a mão com uma navalha e pegou o sobretudo, o qual o homem abandonou enquanto fugia desesperado.
  Futuramente, quando o Professor for um famoso pintor, em seus retratos os homens burgueses sempre estarão com grandes sobretudos que possuem mais personalidade do que eles mesmo.
  Pedro, muito astuto, em uma noite fingiu assaltar uma moça perto da delegacia onde estava o Ogum e foi preso.Lá “roubou” a imagem de Ogum sem que ninguém percebesse e quando amanheceu foi liberado, pois afirmou ao delegado que só roubou a moça porque queria uma lugar pra dormir.
  A maior conquista do Padre José para o grupo foi terminar com a pederastia(meninos mais velhos transando com meninos mais novos) e Pirulito.Pirulito era uma dos mais malvados e encrenqueiros do grupo, mas quando conheceu o amor a Deus mudou completamente.Parou de transar com as negrinhas, de brigar e só furtava quando necessário.Mas logo conheceu o “Deus-Justiça”, o “Deus-Vingança” e o desespero invadiu o seu coração(ficou confuso, amava a Deus mas o temia muito).
  Pirulito avistou em uma loja um quadro de um menino Jesus magro e nu no colo de Maria.Se apaixonou pelo quadro, mas era pecado roubar.Depois lembrou que só de pensar em cometer um pecado já era um pecado.Após muito hesitar roubou o quadro e saiu com ele agarrado no peito, sentia que agora o triste menino Jesus sorria.
  Os meninos estavam planejando assaltar um casarão onde morava um casal de idosos.Sem-Pernas então se infiltrou na casa(como já era costume), fingindo ser uma menino pobre e sem família(disse que se chamava Augusto).A senhora, chamada D. Ester, acolheu-o.Mas dessa vez foi diferente, D.Ester o tratou como o filho que perderá(esse também chamava Augusto).Nas outras casas que Sem-Pernas se infiltrou ele era maltratado e deixado de lado.
  Na hora de dormir a D. Ester beijava o menino, o que o chocava.Finalmente recebia uma carícia familiar.Sem-Pernas, extremamente indeciso entre roubar D. Ester ou continuar com ela, prolongou sua permanência no casarão.O casal o tratava muito bem, o levando para ir no cinema e para tomar sorvete.
  Mas chegou um momento em que o grupo pressionou Sem-Pernas que já demorava muito para abandonar a casa.Esse, apesar de muita dor, decidiu abandonar D. Ester e assaltá-la, afinal, se ficasse ia ser uma traição aos Capitães da Areia.Em uma manhã se despediu de D. Ester, agradecendo-a, prometendo que nunca ia esquecê-la e voltou ao trapiche.
  Naquela noite Pedro e alguns meninos invadiram a casa e roubaram algumas peças de ouro.Quando voltaram avisaram Sem-Pernas que talvez eles não reparassem que haviam sido roubados.No dia seguinte o Professor leu uma notícia para Sem-Pernas: D. Ester anunciava a perda do filho Augusto, em busca de informações.Sem-Pernas arrebentou em choros, pensando que quando descobrissem o furto o casal não ia mais gostar dele.Após isso Sem-Pernas ficou mais quieto, mais afastado do grupo, mais amargurado.
  Em uma bela manhã Pedro e o Professor foram para a “cidade alta”.Professor desenhava as pessoas que passavam na calçada com giz, e essas lhe pagavam com dinheiro(quando gostavam).Ele desenhou um elegante homem(era um poeta), o qual apreciou muito seu trabalho e lhe deu um cartão para que o Professor o procurasse.Mais tarde o Professor jogou o cartão no lixo(não acreditava em si mesmo) contra a vontade de Pedro, o qual achava que ele realmente era capaz.
  A varíola estava espalhada pela cidade.Aliás, pelos pobres, pois os ricos já estavam vacinados.Os seguidores da religião africana acreditavam que Ogum havia mandado a doença para atingir os ricos, mas Ogum não sabia da existência da vacina, então a doença acabou atingindo os pobres.Quando Ogum viu que a doença matava o seu povo, ele a suavizou, transformando a terrível “bexiga negra” em “bexiga branca”(ambas são vertentes da varíola, só que em intensidades diferentes).Havia uma lei municipal a qual previa que era obrigatório denunciar as pessoas infectadas por varíola.
  A doença afetou os Capitães da Areia, sendo o primeiro Almiro com a “bexiga branca”.Em um primeiro momento quiseram expulsá-lo, mas Pedro Bala e o Padre José chegaram e ficou decidido que o Padre arrumaria um médico para consultá-lo.Contudo o médico denunciou Almiro para a polícia, e o Padre José ficou em “maus lençóis” com os Capitães da Areia e foi chamado pelo Arcebispado.
  Um cônego repreendeu fortemente o Padre José pois já havia recebido queixas de D. Margarida, do diretor do reformatório e agora o Arcebispado havia sido procurado pela vigilância sanitária por causa dele ter escondido o caso de Almiro.O cônego o chamou de comunista e disse que sua preocupação com os Capitães da Areia era um desrespeito a Deus e a Igreja.Por fim, lhe avisou que se ele não parasse de “arranjar confusões” a Igreja tomaria medidas drásticas.
  O Padre saiu sem entender porque ajudar os pobres era uma coisa ruim.Se Jesus fazia o mesmo, porque era errado?Concluiu que seu trabalho era bom, que futuramente nem todos os meninos do Capitães da Areia seriam ladrões, com a sua ajuda eles poderiam ter uma profissão, e isso deixaria Deus feliz.
  Almiro, após a denúncia, foi levado para o Lazareto(péssimo hospital onde eram levados os pobres com varíola, ser internado lá era uma sentença de morte) e morreu.Sem-Pernas se sentiu culpado(pois num primeiro momento ele quis expulsar Almiro do grupo) e agora só conversava com o cachorro que arranjara.
  Boa-Vida foi contaminado e por decisão própria, para não contaminar seus companheiros, foi para o lazareto.O Professor tentou impedir, mas não adiantou.Um tempo depois ele voltou curado, para a surpresa de todos.Todos lhe perguntavam como era o Lazareto e Boa-Vida respondeu que era horrível, como entrar num caixão: tudo lá já estava morto.
  O Professor, admirando a atitude nobre de Boa-Vida de não contaminar o grupo, acreditava, como Querido-de-Deus afirmava, que no lugar do coração Boa-Vida tinha uma estrela.
  O surto de varíola finalmente passara, e uma das últimas a morrer foi Margarida, mãe de Dora.O pai de Dora também havia morrido pela doença e agora ela e o irmão menor, Zé Fuinha, estavam sem lugar para morar e passando fome.
  Cansada, esfomeada, com os pés queimados do asfalto e com saudade dos pais Dora ainda achou forças para tentar arranjar um emprego.Ela decidiu ir na casa de uma antiga freguesa rica de sua mãe(que lavava roupas), mas a mulher recusou seu pedido para trabalhar na casa quando Dora disse, inocentemente, que seus pais haviam morrido de varíola.E assim foi em todas as outras casas, as pessoas temiam a varíola.
  Já havia anoitecido quando o Professor e João Grande avistaram o casal de irmãos, e como sabiam o que tinha acontecido a eles, resolveram levá-los para o trapiche, assim eles teriam um lugar para passar a noite.
  Chegando lá todos os meninos avançaram para cima da Dora com o intuito de estuprá-la.João Grande e o Professor tentavam protegê-la e ela e o irmão choravam aterroriados.Pedro chegou e num primeiro momento queria também estuprá-la, mas depois mudou de ideia e como chefe do grupo ordenou que Dora não seria tocada.
  Dora e o irmão acabaram se tornando integrantes do Capitães da Areia.Ela, aos poucos, foi conquistando os meninos e se tornou a mãe deles, costurando suas roupas, dando carinho, sendo gentil e amorosa.Mas Pedro e o Professor haviam se apaixonado pela menina, a qual correspondia somente a Pedro, o via como um herói.
  Dora, apesar da resistência inicial de Pedro Bala(que no fundo gostou de sua atitude), começou a participar dos assaltos dos Capitães da Areia, pois não achava justo “comer de graça”.A menina se mostrou ágil e esperta.
  Em uma tarde Pedro sozinho brigou com um outro grupo de meninos abandonados liderado por Ezequiel por eles terem xingado Dora.Chegando no trapiche a menina cuidou dos ferimentos de Pedro e o beijou, se envergonhando depois.
  A noite surgiu com um clima romântico.Pedro e Dora deitaram no areal.Ele disse a Dora que ela era sua noiva e que um dia eles iriam se casar.Na mesma noite Pedro Bala reúne alguns dos meninos para se vingar de Ezequiel.Dora foi junto, eles lutaram e venceram, voltando para o trapiche felizes e vitoriosos.Pedro Bala e Dora voltaram para o areal, conversaram sobre coisas tolas e dormiram de mão dadas, sem terem se beijado.
    Saí uma reportagem no jornal afirmando a prisão do chefe dos Capitães da Areia.Ele e mais um grupo(incluindo uma menina) foram assaltar uma mansão.Um morador percebeu o assalto e quando entraram em uma sala os trancou.
  A polícia chegou e graças a uma manobra esperta de Pedro o grupo conseguiu fugir, restando só ele, que foi levado para a delegacia, e Dora, a qual foi levada a um orfanato.Pedro, após passagem pela delegacia, foi levado para o reformatório.Lá pessoas da imprensa junto com dois soldados da polícia e o diretor do reformatório espancaram Pedro Bala para ele denunciar o esconderijo dos Capitães da Areia.Ele não disse: era filho de um grevista, não ia dizer onde seus amigos estavam.
  De tanto apanhar desmaiou.No dia seguinte foi levado para um minúsculo quarto escuro(chamado cafua), no qual só dava para ficar sentado ou deitado de pernas encolhidas.Durante sua estadia nesse terrível lugar ele só teria direito a pouca água e feijão, que propositalmente era muito salgado e dava mais sede.Ao passar dos dias ele aprendeu a só tomar a água.Suas necessidades eram feitas no minúsculo lugar.
  Pensava.A liberdade é o bem maior do mundo.Pensava em Dora, que também estava sem liberdade.Sentia sua falta, sentia falta do seu cabelo loiro encostando em seu corpo.Queria sair dali e salvá-la do orfanato.A sede o corroía e a raiva de sua incapacidade naquele momento também.
  Um menino vai na porta da cafua e avisa Pedro que assim que sair dali os Capitães da Areia viram salvá-lo.Ele se agoniza pensando se Dora não estaria na mesma situação que ele.Perdeu a noção do tempo, delirava, estava extremamente debilitado, pensava que ia morrer.
  Depois de oito dias Pedro sai da cafua, extremamente magro e fraco.Raspam sua cabeleira loira e o colocam para trabalhar no canavial junto com os outros meninos.Pessoas violentas os vigiavam para garantir que não fugiriam.
  Os Capitães da Areia haviam deixado uma corda para Pedro no canavial.Ele a pegou e arriscadamente e levou-a para o quarto.Em uma noite a usou para fugir, sendo que o fez nu para os cães não rastrearem seu cheiro.
  No dia seguinte o Professor lê a reportagem que anunciava o fuga de Pedro e todos gargalham(era um costume dos Capitães da Areia:gargalhar), inclusive o Padre José.Os meninos resgatam Dora do orfanato(invadiram e a pegaram), a qual estava com uma febre que não cedia desde que fora capturada.
  Chegando no trapiche a febre aumentou.D’Aninha foi chamada e depois de rezar afirmou que logo a febre cederia.Os olhos de Dora estavam em paz porque ela segurava a mão de Pedro Bala, enquanto o resto do grupo estava aflito de perder a querida mãe e amiga.
  Dora pede que os meninos durmam.Eles se afastam, mas a maior parte continua acordada com medo de perdê-la.Ela avisa Pedro que se tornou mulher(havia menstruado quando estava no orfanato) e pede que ele fizesse dela sua "esposa".Ele resiste, afinal Dora estava doente, mas ela insiste e eles transam, sendo essa união uma forma de um casamento.Ela era agora sua mulher e os dois dormiram juntos, ambos em paz.
  No meio da noite Pedro acorda e nota que Dora estava gelada.Ela estava morta.Ele grita, acordando todos, e sai do trapiche para não explodir em soluços.O Professor, quando a viu morta, sentiu que não havia mais motivo para continuar nos Capitães da Areia.Pirulito trouxe o Padre José, que iniciou uma oração.
  Querido-de-Deus levou o corpo para o mar com sua saveiro.Pedro, inconformado, entra no mar e segue a embarcação até ser vencido pelo cansaço.Alguns diziam que quando pessoas corajosas morrem se tornam estrelas.Pedro começa a boiar e vê Dora indo para o céu.Não importava se os astrônomos dissessem que era apenas uma estrela cadente, para Pedro era Dora, uma menina extremamente valente e corajosa.Querido-de-Deus avistou Pedro no mar e o trouxe de volta a terra.
  O Professor, que havia mudado muito depois da morte de Dora, entrou em contato com o poeta que certa vez lhe deu um cartão e foi embora para o Rio de Janeiro pintar.Na despedida os Capitães da Areia ficaram esperançosos, com o pensamento que algum dia o Professor, através de suas pinturas, pudesse mudar a vida deles.
  Pirulito havia mudado, não roubava mais e trabalhava.Tinha uma imensa vontade de “servir” a Deus, e o Padre José conseguiu que ele entrasse para uma escola de frades.Depois de se formar começou a dar catecismo em uma igreja.Já o Padre José finalmente recebeu sua paróquia no interior nordestino, onde os cangaceiros atuavam.O Padre ficou extremamente feliz por poder ajudar os cangaceiros, que não passavam de “crianças grandes”.
  Boa-Vida se tornou um verdadeiro malandro, cantando samba durante as noites, enrolando moças, roubando quando necessário.
  Mais uma vez Sem-Pernas se infiltrou em uma casa para depois os Capitães da Areia poderem assaltar.Dessa vez a casa era de uma senhora solteira chamada Joana, a qual deixou ele ficar por desejo sexual, e não por dó.
  Nas noites ela ia procurar Sem-Pernas em seu colchão, mas não permitia a penetração pois tinha medo de ficar grávida, já que era solteira.O sexo incompleto enfurecia Sem-Pernas, que a tratava mal.Só permanecia na casa porque também tinha desejos sexuais, uma vez que não era “sortudo” no amor devido a sua perna manca.
  Sem-Pernas fugiu e logo os Capitães da Areia a assaltaram.No início ela se abalou pois não tinha mais o “amor” de Sem-Pernas, contudo quando descobriu o assalto se enfureceu.O “amor incompleto” de Joana provocou um profundo ódio em Sem-Pernas, um ódio que o impedia de dormir.
  Anos atrás, durante a alta do cacau, muitas prostitutas deixaram a Bahia e foram para Ilhéus “servir” os coronéis enriquecidos.Uma amiga de Dalva disse que lá conseguiu jóias e ela partiu para Ilhéus junto com Gato, que se tornou gigolô e jogador.
  Volta-Seca foi flagrado roubando e foi preso e espancando.Depois de liberto partiu de trem para Aracaju com o objetivo de encontrar outro grupo de meninos abandonados.Não se despediu dos Capitães da Areia pois planejava voltar.Conquanto, no meio da viagem ele encontrou o grupo do Lampião.O padrinho reconheceu seu afilhado e Volta-Seca se tornou um cangaceiro.
  Em um assalto arriscado Sem-Pernas foi perseguido por soldados e se jogou de um penhasco quando viu que iria ser pego.Preferiu morrer do que passar novamente por humilhações e constrangimentos.
 O Professor saiu no “Jornal da Tarde”, era uma famoso pintor de obras com conteúdo social.Analistas repararam que em suas obras “alegres” sempre havia uma menina loira de “bochechas febris”(Dora) e nas obras “tristes” sempre havia um homem com um grande sobretudo.Gato também apareceu no jornal, era um vigarista que vendia terras fictícias em Ilhéus.Volta-Seca foi manchete por ser um jovem menino muito violento no grupo de Lampião.
  Futuramente Volta-Seca será preso e julgado(o que também será manchete no jornal).Um especialista renomado afirmara que ele é normal, sua violência é fruto do ambiente onde ele cresceu e viveu.Contudo ninguém se interessa tanto pela matéria do especialista renomado, preferindo a apelação do promotor que afirmou que as vítimas de Volta-Seca sofreram muito.Mais uma crítica do autor a sociedade hipócrita.
  Pedro Bala se contagia com  uma greve dos bondes que acontecia na Bahia, aceita o pedido de João-de-Adão e Alberto de dispersar os “fura-greve”(pessoas pagas para irem trabalhar como se nada estivesse acontecendo) e o faz com sucesso(ele e os Capitães da Areia).
  A voz da greve  chamava Pedro Bala como a voz de Deus chamava Pirulito.Ser grevista estava no sangue de Pedro, seu destino era ajudar o povo sofrido, lutar pela liberdade.Pedro ingressou em uma organização grevista e os Capitães da Areia passaram a ser uma brigada de choque.
  Pedro foi convocado para organizar um grupo de crianças abandonadas em Aracaju, enquanto Almiro ajudaria os Capitães da Areia.Foi ao trapiche se despedir, deixando Barandão como o novo chefe.Os meninos gritavam enquanto ele partia.
  Anos depois, nos pequenos jornais que circulavam nas fábricas, havia sempre notícias de um militante, Pedro Bala, que era procurado em cinco estados por organizar greves e dirigir partidos ilegais.Certa vez foi preso.Quando conseguiu fugir os jornais anunciaram seu ato.Ao saber da notícia o rosto das pessoas(pobres) se iluminaram: “a revolução é uma pátria e uma família”.

Texto de Graziella Toffolo Luiz

Fonte:
- Capitães da Areia(1937) - Jorge Amado
- Anglo Vestibulares - Português - Literatura Fuvest/Unicamp 2012