RESUMO “CAPITÃES
DA AREIA” (1937) - JORGE AMADO
AUTOR E OBRA
Jorge
Amado passou a infância em Ilhéus até mudar-se para Salvador.Os exemplares da
primeira edição de Capitães da Areia(1937) foram aprendidos pelo Estado
Novo(1937-1945) e o autor foi obrigado a viver no exílio entre 1941 e
1944.
Quando
voltou se tornou deputado do Partido Comunista Brasileiro.Dois anos depois seu
partido foi declarado ilegal e ele seguiu para um novo exílio, voltando só em
1952.Em 1955 deixa a política para se dedicar integralmente à literatura.
TEMPO E ESPAÇO
A
história se passa na cidade de Salvador, capital da Bahia, entre 1918 e 1935,
aproximadamente.Grande parte da história se passa no trapiche, um lugar que não
era público nem privado, mas um espaço degradado e marginal, de que os Capitães
da Areia tomam posse.O trapiche era infestado por ratos, indiciando a
sub-humanidade a que os meninos do bando são submetidos.
A
cronologia não é completamente linear.Em alguns momentos a narrativa apresenta
momentos ocorridos antes do nascimento de Pedro Bala, por meio de flashes do
passado.As vezes também ocorre flashes do futuro.
CARACTERÍSTICAS DA OBRA
*É uma
obra neorrealista regionalista
*Linguagem
popular -> as vezes acontece repetição de palavras e ênfase de hipérboles
*Está
presente na obra digressões, como quando é contado a origem do sobretudo que
Professor usava e o que ele significará em seu futuro, quando ele for um famoso
pintor
*Nas
reportagens e nas cartas de certas autoridades a linguagem ostenta uma pompa
retórica.O contraste entre esses textos e o resto do livro causa um efeito
crítico e sutilmente humorístico
*O
narrador é em terceira pessoa e onisciente.Possuía uma linguagem culta, mas era
diferente daquela apresentada nas reportagens.Assume a defesa na transformação
revolucionária da sociedade, demonizando as classes superiores e idealizando
romanticamente a personalidade e a ação do proletariado marginal
*O enredo
possuí dois tipos de ações:
-
as circunstanciais(episódios): encerram em si mesmas, sem fazer avançar a
narrativa, caracterizando a vida coletiva dos meninos abandonados(evidencia a
cidade dividida entre ricos e pobres);
-
as dinâmicas(peripécias): momentos que modificam o modo de agir das personagens
PERSONAGENS
João Grande: integrante dos Capitães da Areia, negro,
extremamente bondoso e protetor, era o mais alto e mais forte do grupo.Durante
a noite dormia na entrada, vigiando o trapiche.Fugiu de casa quando seu pai
morreu, foi quando achou o grupo.
Querido-de-Deus: pescador, ótimo
capoeirista, era amigo dos Capitães da Areia, dando aula de capoeira para
alguns dos integrantes e ajudando eles em alguns assaltos.
João José, o Professor: integrante dos Capitães
da Areia, adorava ler(roubava livros), muito criativo e um ótimo
desenhista(possuía o dom)."Pedro Bala nada resolvia sem o consultar várias
vezes, foi a imaginação do Professor que criou os melhores planos de
roubo."
Pedro Bala: protagonista, chefe dos Capitães da Areia,
loiro, possuía uma cicatriz no rosto(feita pelo ex-chefe do grupo, Raimundo),
inteligente, corajoso, ágil, leal.Tinha um jeito natural para liderar, um senso
de justiça: "trazia nos olhos e na voz a autoridade de
chefe".Conhecia Salvador inteira.
Gato: membro dos Capitães da Areia, era ágil, elegante e
bem-arrumado(acreditava que havia nascido para uma vida rica).Antes de entrar
no Capitães da Areia participava de um outro grupo de abandonados.
Pirulito: integrante dos Capitães da Areia, magro,
alto, extremamente religioso.Queria ser sacerdote.
Sem-Pernas: participava dos Capitães da Areia, tinha uma
voz estrídula e fanhosa, coxo.Era o espião do grupo: analisava o lugar antes do
grupo saquear, uma vez que possuía a habilidade de se fingir de "bom
menino".Tirava sarro dos outros meninos do grupo(fama de malvado).Fazia
isso para se esconder de sua própria desgraça.No fundo sentia uma enorme
carência de afeto, o que alimentava seu ódio e vingança.
Boa-Vida: integrante dos Capitães da Areia, mulato feio, bissexual(não
conseguia namorar mulheres pela sua feiúra), preguiçoso, desleixado, vagabundo.
Padre José Pedro: padre bondoso, altruísta,
simples, esforçado, amigo dos Capitães da Areia.
Dalva: bela prostituta com a qual Gato saia, 35 anos.
Barandão: integrante dos Capitães da Areia, negro, corajoso, bissexual.
Almiro: membro dos Capitães da Areia, gordo, preguiçoso, bissexual.
Volta-Seca: participava dos Capitães da Areia, quieto,
afilhado de Lampião(pelo qual possuía extrema admiração), perturbado(se imagina
matando outras pessoas).
Nhozinho França: bêbado, dono de um velho
carrossel.
Margarida: velha, magra, rica e preconceituosa.Odiava os
Capitães da Areia.
João de Adão: negro, forte, líder dos estivadores(pessoas
que trabalhavam na embarcação/desembarcação dos navios), amigo dos Capitães da
Areia, dono de um armazém, possuía uma consciência e militância política.
Raimundo “Loiro”: pai de Pedro Bala,
estivador, valente, altruísta, muito respeitado, assassinado por policiais
enquanto discursava em uma greve.
Don’Aninha: magra, alta, negra, mãe de santo, amiga dos
Capitães da Areia.Auxiliava os necessitados com seus conhecimentos de medicina
popular e amparava espiritualmente as pessoas.
Gringo: participava dos Capitães da Areia, estrangeiro, falava enrolado,
o mais zoado pelo Sem-Pernas.
Dora: loira, bonita, perdeu os pais pela varíola, extremamente
valente, adorada pelos Capitães da Areia.Se apaixonou por Pedro Bala e foi
correspondida.Possuía um irmão: Zé Fuinha.
Alberto: amigos dos Capitães da Areia, só aparece no final da
narrativa.Era ativista político de esquerda e ajudava os grevistas.Influencia
muito a vida de Pedro Bala.
SÍNTESE
O livro
se inicia com uma reportagem e várias cartas sobre ela publicadas no
"Jornal da Tarde.
Reportagem
Denuncia
mais uma assalto dos Capitães da Areia, um grupo de aproximadamente 100
crianças de 8 a 16 anos, dessa vez em um casarão de uma bairro rico.Um
jardineiro, que tentou impedir os meninos, foi ferido.Testemunhas afirmaram que
o chefe do grupo possuía uma cicatriz no rosto.O jornal pede a ação do chefe de
polícia e do juizado de menores em relação ao grupo.
Carta do secretário do chefe de polícia a redação
Deixou
claro que a polícia não pode e nem poderia tomar nenhuma ação, devido aos
assaltantes possuírem menor idade, sem a autorização do juizado de menores.A
carta foi publicada no jornal com destaque.
Carta do juiz de menores a redação
Afirmava
que o juizado de menores não tinha a função de capturar as crianças, tal função
era da polícia.Seu trabalho era apenas designar o local onde abrigá-las.A carta
foi publicada no jornal com destaque.
Carta de uma mãe
Denunciava
a precariedade do reformatório(aonde as crianças capturadas ficavam).As
crianças viviam apanhando, o diretor era bêbado.Disse que o Padre José Pedro
poderia comprovar tais afirmações.Ela preferia seu filho no grupo Capitães
da Areia do que novamente naquele reformatório.Pedia que o redator
visitasse o reformatório de surpresa.A carta foi publicada no jornal sem
destaque.
Carta do Padre José Pedro
Publicada
sem destaque, confirmava o que a mãe havia dito.
Carta do diretor do reformatório
Publicada
no jornal com destaque, afirmava que as acusações sobre ele e o reformatório
eram improcedentes e caluniosas.Pedia que o redator fosse visitar o
reformatório, mas de segunda-feira, apenas.Subentende-se que o “jornal”
acreditou no diretor.
Alguns
meninos do Capitães da Areia dormiam em um precário trapiche: era o esconderijo
do grupo.Certa vez Raimundo, que ainda era o chefe, cortou o rosto de Pedro
Bala em uma discussão.Pedro para se vingar brigou com ele, ganhou a briga e a
liderança do grupo.Sob a nova liderança o grupo se organiza melhor e ganha fama
na cidade.
Os
meninos do Capitães da Areia eram “vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados,
agressivos (...) fumando pontas de cigarro, eram na verdade, os donos da
cidade, os que a conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, os seus
poetas.”A cidade os temia, a polícia os perseguia, mas mesmo assim os Capitães
da Areia tinham a amizade de alguns adultos. Desce cedo os meninos do grupo
possuíam relações sexuais.Só não eram homens completos por causa da idade.
Em
uma noite no trapiche Pedro chama Professor, João Grande e Sem-Pernas para
planejar um assalto pois Gonzales, um gringo que sempre “negociava” com o
grupo, precisava de chapéus novos e de felho.Iria participar desse roubo
Pirulito e Sem-Pernas, dentre outros meninos.
Sem-Pernas,
após a reunião, se aproximou de Pirulito, que estava rezando, para tirar-lhe
sarro.Conquanto parou e ficou olhando.Sentia uma espécie de inveja e
desespero.Não queria mais ter que rir dos outros para se sentir bem, queria se
livrar de sua angústia.
Sem-Pernas
nunca teve família, vivia pelas ruas, maltratado principalmente pelo seus
defeitos físicos.Certa noite foi preso e os soldados bêbados o fizeram
correr(era difícil por ser coxo), quando ele parava o chicoteavam nas costas.As
cicatrizes externas saíram, contudo as internas permaneceram.Isso o atormentava
até hoje.
Seu
coração era cheio de ódio.Foi retirado da rua pelo Professor.Sabia fingir como
ninguém, por isso era o espião do grupo.Por tudo isso sentia desprezo e raiva
de Pirulito, que através da reza conseguia ir para um mundo sem sofrimento que
conheceu conversando com o Padre José Pedro.
Boa-Vida
trouxe Gato para o grupo com intenções amorosas.Gato recusou uma tentativa de
relação sexual e permaneceu no grupo.Por um tempo foram inimigos, mas depois
voltaram a se falar e quando Gato se cansava de alguma menina “passava” para ele.
Gato
andava pelas ruas das prostitutas quando conheceu Dalva e a desejou
imediatamente.Toda noite ele ficava olhando-a, mas ela não reparava, pois tinha
um amante.Dalva só reparou no menino quando seu amante a abandonou e a partir
daí começaram a se relacionar.Por isso Gato nunca dormia no trapiche: sempre
estava na casa de Dalva(ela ficava com ele depois de atender seus
"clientes").
Ainda
na mesma noite Gato convidou Sem-Pernas para ir na rua das
prostitutas.Sem-Pernas recusou e ficou observando as crianças que ali
dormiam.Todas que ali estavam não tinham família, contudo possuíam uma grande
liberdade."E achava que a alegria daquela liberdade era pouca para a
desgraça daquela vida."
Continuava
observando.Barandão e Almiro se enamoravam na praia.Cada um deles procuravam
uma forma de carinho: o Professor nos livros, Pirulito nas rezas, Gato na cama
de uma prostituta.Pensou em ferir alguém, mas desistiu.
O
grupo possuía algumas regras, como não roubar as coisas de algum integrante.
Volta
Seca entrou no trapiche e pediu para o professor ler uma reportagem que tinha a
foto de Lampião.Essa dizia que Lampião havia matado 8 pessoas e saqueado os
cofres da prefeitura.Volta Seca se alegrou muito com a notícia, pois ele
admirava muito seu padrinho.
Na
tarde seguinte Gato, Pedro e João Grande tiveram aula de capoeira com
Querido-de-Deus.Eles esperavam um sujeito para fechar negócio, mas ele não
apareceu.Foram para um bar e começaram a jogar baralho(com apostas).Gato estava
trapaceando, mas os dois marinheiros que jogavam junto com eles não repararam e
o grupo conseguiu "faturar".Os meninos ainda esperavam o homem,
quando um intermediário apareceu e remarcou o encontro para madrugada.
Os
meninos, de madrugada, foram a pé se encontrar com o tal homem em uma bairro
distante.Chegando lá o homem pediu que eles entrassem.No início ficou indeciso
em deixar eles fazerem o “negócio”, afinal eram crianças.Eles teriam que ir a
uma chácara próxima, trocar um embrulho por outro parecido que estaria ou no
quarto ou com o empregado.Se estivesse com o empregado não teria jeito, pois o
homem não queria que ninguém percebesse que o embrulho havia sido trocado.
Recebendo
uma parte do pagamento os meninos partirão para a missão.Chegando lá viram no
2º andar uma mulher aflita.Muito espertos, logo entenderam que no embrulho
havia cartas e que ela traía o marido com o homem.O empregado havia descoberto
e por isso poderia estar com o embrulho, chantageando a mulher.O embrulho
estava mesmo com o empregado, mas mesmo assim Pedro, muito esperto, trocou-os
sem que o empregado percebesse e fugiu, junto com os outros.
Chegou
no subúrbio da Bahia um velho carrossel, no qual já havia andado Lampião e o
seu grupo quando ele estava no interior nordestino.Nhozinho contou esse
acontecimento a Sem-Pernas e Volta Seca(o qual ficou excitadíssimo).Ambos iriam
ajudar no serviço do carrossel(nunca aderiram uma ideia com tanto entusiasmo)
enquanto esse permanecesse na cidade.
Quando
os dois chegaram ao trapiche e avisaram que iam trabalhar no carrossel todos ficaram
fascinados e invejaram eles.Em uma noite, antes do carrossel abrir, todos os
meninos dos Capitães da Areia foram vê-lo.Volta Seca deu corda na pianola e
iniciou-se uma música de valsa antiga.Todos abriram um sorriso, se sentindo os
donos da cidade, amando uns aos outros.Nhozinho França convidou-os para que
viessem andar uma noite no carrossel de graça, para a alegria de todos.
Na
noite de sábado, no intervalo do trabalho, Nhozinho deixou Sem-Pernas e Volta
Seca andar no carrossel.Volta Seca foi no cavalo que Lampião andou, imaginado
que fosse cangaceiro, matando todos(na sua imaginação) que estavam no
carrossel.Já Sem-Pernas foi calado, imaginando que naquele momento ele era
igual aos outros meninos que andavam de carrossel, amado e com uma família.Era
uma sensação ótima."É como se corresse sobre o mar para as estrelas na
mais maravilhosa viagem do mundo.Uma viagem que o Professor nunca leu ou
inventou."
Boa-Vida
foi o intermédio que Padre vieira “fez” para se tornar amigo dos Capitães da
Areia.Boa-Vida não gostava de nenhum tipo de trabalho, vivia vagando pela
cidade e quando fazia tempo que não “colaborava” com o grupo, roubava algo e
dava a Pedro Bala.Era tão preguiçoso que andava em trapos e só arranjava outras
roupas quando as que ele vestia realmente não davam mais para serem usadas.
Certa
vez entrou na em uma igreja onde o padre José estava(para roubar um objeto) e
eles se conheceram.Aos poucos o padre foi se aproximando do grupo, mas só viu
mudanças no Pirulito, sendo o Sem-Pernas o menino com o qual ele teve maior
dificuldade de se aproximar.
Antes
de ser padre o Padre José era um operário.Entrou no seminário pois seu patrão
disse ao bispo que ia pagar os estudos de “alguém que quisesse estudar para
padre.”(o Padre José ouvira tal promessa e declarou ser interessado na frente
do bispo, deixando o patrão “sem escolha”).
Mas
após dois anos o patrão deixou de pagar seus estudos e o Padre José teve que
pagar seu seminário, trabalhando dentro dele e sendo muito discriminado pelos
colegas.Sempre tirava notas baixas(nunca fora muito inteligente), o que era
recompensado pelo seu grande desempenho e sua devoção por ser padre.
Depois
de se ordenar o padre ficou esperando ser enviado para uma paróquia.Enquanto
isso, ele se aproxima das crianças abandonadas.Frequentava o reformatório(aonde
havia muitas crianças dos Capitães da Areia), mas quando se declarou contra os
castigos corporais, como deixar as crianças sem comida por dias seguidos, ele
foi proibido de entrar lá e o diretor do reformatório se queixou dele com o
Arcebispado.
Apesar
de tudo, o Padre José não desistiu e começou a se aproximar dos Capitães da
Areia.Sabia que o que mais faltava as crianças abandonadas era o carinho.Seu
jeito bondoso, de se preocupar com os necessitados acima de tudo, causou
atritos com seus superiores da Igreja, com o diretor do
reformatório, com policiais(pois os Capitães da Areia eram procurados) e com as
beatas que freqüentavam suas missas.
No
início pensava em oferecer aos meninos dos Capitães da Areia que morassem
com as beatas que frequentavam sua missa, mas logo percebeu que isso faria os
meninos perderem sua confiança, uma vez que “a liberdade era o sentimento mais
arraigado nos corações dos Capitães da Areia”.O Padre tentava ajudar os
meninos, mais de todos os lados encontrava barreiras.Nem por isso desistia.
O
Padre José decidiu, com a chegada do carrossel na cidade, retirar(apesar de
“errado”) um dinheiro da igreja e levá-los para andar.Na tarde de domingo
convidou eles, os quais não ficaram muito animados, para grande surpresa do
padre.O Professor explicou que eles já haviam sido convidados pelo dono do
carrossel para andar de graça, e pediu a ele que não se chateasse por negarem o
convite.
O
Padre entendeu e disse que era “até melhor assim.Porque o dinheiro que eu tinha
...”.Os meninos logo perceberam que ele havia pegado o dinheiro da igreja e
ficaram surpresos com isso(no bom sentido), sendo que alguns até choraram.
Pedro,
o capitão do grupo, sentiu que tinha uma “dívida” com o Padre e o convidou para
ir andar com eles.O padre aceitou, afinal era uma maneira de se aproximar do
grupo.Foram todos observar o carrossel, o qual estava em funcionamento.
Margarida
passa pelo local e critica o Padre José por estar andando com os ladrões do
Capitães da Areia.Esse não ligou, alegando que eram apenas crianças.Os meninos
do grupo só não a assaltaram pois o Padre estava ali.Anoiteceu e todas as
crianças do Capitães da Areia foram andar no carrossel.Eles se esqueceram que
não tinham família, nem comida, nem carinho, apenas sentiam uma felicidade
extrema.
Pedro
Bala, Boa-Vida e Pirulito estavam andando no cais a espera de Querido-de-Deus,
o qual estava chegando de uma viagem.Pararam um pouco no Armazém 7,
estabelecimento de João de Adão, um velho estivador.
Foi
aí que João de Adão contou a Pedro Bala suas origens: Pedro era filho de
Raimundo, o “Loiro”, o qual havia sido um grevista extremamente corajoso, que
foi assinado por policiais quando discursava em uma greve.A mãe de Pedro Bala
era rica e fugiu para se casar com Raimundo, mas morreu quando Pedro era ainda
um bebê.Raimundo era companheiro de João de Adão, o qual ainda o admirava.
Por
ser filho de Loiro, João de Adão ofereceu ao garoto um lugar para morar nas
docas, quando ele precisasse.Pedro ficou encantado com a história de seu pai,
seus olhos brilhavam, afinal, ele era filho de um herói.Isso iniciou uma
consciência política e revolucionária em Pedro Bala, além de um certo
sentimento de vingar a morte do pai.
Querido-de-Deus
chegou da viagem e foi em um candomblé, junto com Boa-Vida e Pedro.Lá Ogum(Deus
da religião africana) anunciava que a vingança contra os ricos chegaria.Pedro
voltava para o trapiche angustiado, pensando na morte do pai e no pedido de
vingança de Omulu.
No
areal avistou uma negrinha e a desejou, queria afogar a angústia que o
oprimia.Depois de muito implorar(pois queria manter sua virgindade), a negrinha
"cedeu".No meio do ato saiu correndo, aterrorizada.Pedro foi atrás
dela e insistiu em levá-la até a sua casa.No meio do caminho, com os soluços da
negrinha, não sentia mais angústia nem desejo, apenas tristeza.Quando ela já
estava perto de casa, o amaldiçoou.
Pedro
se abalou com a raiva da menina e saiu correndo pelo areal.Desejava não ter
conhecido a negrinha, não ter tido a conversa com o João de Adão sobre seu pai,
não ter ido no candomblé.Sentia ódio dos policiais que mataram seu pai, da
cidade rica do outro lado da cidade, de ser uma criança abandonada.
Em
uma noite de chuva D’Aninha visita o trapiche e pede a Pedro Bala que resgate a
imagem de Ogum, a qual fora aprendida por policiais.Naquela época havia a
perseguição dos praticantes da religião africana no Brasil.Pedro levou D’Aninha
para sua casa, a qual foi amaldiçoando os ricos, o que aumentou a raiva de
Pedro Bala.
O
Professor sempre usava um sobretudo maior que ele.Em um dia passado, no sol
quente, o Professor estava na rua quando avistou um homem com um grande
sobretudo e o desenhou.Mas o homem, quando viu o desenho, o chutou.
O
Professor voltava ao trapiche, sem entender o porquê daquela violência contra
ele, afinal, ele havia feito uma gentileza.De repente avistou no areal o mesmo
homem com o sobretudo e decidiu se vingar: cortou-lhe a mão com uma navalha e
pegou o sobretudo, o qual o homem abandonou enquanto fugia desesperado.
Futuramente,
quando o Professor for um famoso pintor, em seus retratos os homens burgueses
sempre estarão com grandes sobretudos que possuem mais personalidade do que
eles mesmo.
Pedro,
muito astuto, em uma noite fingiu assaltar uma moça perto da delegacia onde
estava o Ogum e foi preso.Lá “roubou” a imagem de Ogum sem que ninguém
percebesse e quando amanheceu foi liberado, pois afirmou ao delegado que só
roubou a moça porque queria uma lugar pra dormir.
A
maior conquista do Padre José para o grupo foi terminar com a
pederastia(meninos mais velhos transando com meninos mais novos) e
Pirulito.Pirulito era uma dos mais malvados e encrenqueiros do grupo, mas
quando conheceu o amor a Deus mudou completamente.Parou de transar com as negrinhas,
de brigar e só furtava quando necessário.Mas logo conheceu o “Deus-Justiça”, o
“Deus-Vingança” e o desespero invadiu o seu coração(ficou confuso, amava a Deus
mas o temia muito).
Pirulito
avistou em uma loja um quadro de um menino Jesus magro e nu no colo de Maria.Se
apaixonou pelo quadro, mas era pecado roubar.Depois lembrou que só de pensar em
cometer um pecado já era um pecado.Após muito hesitar roubou o quadro e saiu
com ele agarrado no peito, sentia que agora o triste menino Jesus sorria.
Os
meninos estavam planejando assaltar um casarão onde morava um casal de
idosos.Sem-Pernas então se infiltrou na casa(como já era costume), fingindo ser
uma menino pobre e sem família(disse que se chamava Augusto).A senhora, chamada
D. Ester, acolheu-o.Mas dessa vez foi diferente, D.Ester o tratou como o filho
que perderá(esse também chamava Augusto).Nas outras casas que Sem-Pernas se
infiltrou ele era maltratado e deixado de lado.
Na
hora de dormir a D. Ester beijava o menino, o que o chocava.Finalmente recebia
uma carícia familiar.Sem-Pernas, extremamente indeciso entre roubar D. Ester ou
continuar com ela, prolongou sua permanência no casarão.O casal o tratava muito
bem, o levando para ir no cinema e para tomar sorvete.
Mas
chegou um momento em que o grupo pressionou Sem-Pernas que já demorava muito
para abandonar a casa.Esse, apesar de muita dor, decidiu abandonar D. Ester e
assaltá-la, afinal, se ficasse ia ser uma traição aos Capitães da Areia.Em uma
manhã se despediu de D. Ester, agradecendo-a, prometendo que nunca ia
esquecê-la e voltou ao trapiche.
Naquela
noite Pedro e alguns meninos invadiram a casa e roubaram algumas peças de
ouro.Quando voltaram avisaram Sem-Pernas que talvez eles não reparassem que
haviam sido roubados.No dia seguinte o Professor leu uma notícia para
Sem-Pernas: D. Ester anunciava a perda do filho Augusto, em busca de
informações.Sem-Pernas arrebentou em choros, pensando que quando descobrissem o
furto o casal não ia mais gostar dele.Após isso Sem-Pernas ficou mais quieto,
mais afastado do grupo, mais amargurado.
Em
uma bela manhã Pedro e o Professor foram para a “cidade alta”.Professor
desenhava as pessoas que passavam na calçada com giz, e essas lhe pagavam com
dinheiro(quando gostavam).Ele desenhou um elegante homem(era um poeta), o qual
apreciou muito seu trabalho e lhe deu um cartão para que o Professor o
procurasse.Mais tarde o Professor jogou o cartão no lixo(não acreditava em si
mesmo) contra a vontade de Pedro, o qual achava que ele realmente era capaz.
A
varíola estava espalhada pela cidade.Aliás, pelos pobres, pois os ricos já
estavam vacinados.Os seguidores da religião africana acreditavam que Ogum havia
mandado a doença para atingir os ricos, mas Ogum não sabia da existência da
vacina, então a doença acabou atingindo os pobres.Quando Ogum viu que a doença
matava o seu povo, ele a suavizou, transformando a terrível “bexiga negra” em
“bexiga branca”(ambas são vertentes da varíola, só que em intensidades
diferentes).Havia uma lei municipal a qual previa que era obrigatório denunciar
as pessoas infectadas por varíola.
A
doença afetou os Capitães da Areia, sendo o primeiro Almiro com a “bexiga
branca”.Em um primeiro momento quiseram expulsá-lo, mas Pedro Bala e o Padre
José chegaram e ficou decidido que o Padre arrumaria um médico para
consultá-lo.Contudo o médico denunciou Almiro para a polícia, e o Padre José
ficou em “maus lençóis” com os Capitães da Areia e foi chamado pelo
Arcebispado.
Um
cônego repreendeu fortemente o Padre José pois já havia recebido queixas de D.
Margarida, do diretor do reformatório e agora o Arcebispado havia sido
procurado pela vigilância sanitária por causa dele ter escondido o caso de
Almiro.O cônego o chamou de comunista e disse que sua preocupação com os
Capitães da Areia era um desrespeito a Deus e a Igreja.Por fim, lhe avisou que
se ele não parasse de “arranjar confusões” a Igreja tomaria medidas drásticas.
O
Padre saiu sem entender porque ajudar os pobres era uma coisa ruim.Se Jesus
fazia o mesmo, porque era errado?Concluiu que seu trabalho era bom, que
futuramente nem todos os meninos do Capitães da Areia seriam ladrões, com a sua
ajuda eles poderiam ter uma profissão, e isso deixaria Deus feliz.
Almiro,
após a denúncia, foi levado para o Lazareto(péssimo hospital onde eram levados
os pobres com varíola, ser internado lá era uma sentença de morte) e
morreu.Sem-Pernas se sentiu culpado(pois num primeiro momento ele quis expulsar
Almiro do grupo) e agora só conversava com o cachorro que arranjara.
Boa-Vida
foi contaminado e por decisão própria, para não contaminar seus companheiros,
foi para o lazareto.O Professor tentou impedir, mas não adiantou.Um tempo
depois ele voltou curado, para a surpresa de todos.Todos lhe perguntavam como
era o Lazareto e Boa-Vida respondeu que era horrível, como entrar num caixão:
tudo lá já estava morto.
O
Professor, admirando a atitude nobre de Boa-Vida de não contaminar o grupo,
acreditava, como Querido-de-Deus afirmava, que no lugar do coração Boa-Vida
tinha uma estrela.
O
surto de varíola finalmente passara, e uma das últimas a morrer foi Margarida,
mãe de Dora.O pai de Dora também havia morrido pela doença e agora ela e o
irmão menor, Zé Fuinha, estavam sem lugar para morar e passando fome.
Cansada,
esfomeada, com os pés queimados do asfalto e com saudade dos pais Dora ainda
achou forças para tentar arranjar um emprego.Ela decidiu ir na casa de uma
antiga freguesa rica de sua mãe(que lavava roupas), mas a mulher recusou seu
pedido para trabalhar na casa quando Dora disse, inocentemente, que seus pais
haviam morrido de varíola.E assim foi em todas as outras casas, as pessoas
temiam a varíola.
Já
havia anoitecido quando o Professor e João Grande avistaram o casal de irmãos,
e como sabiam o que tinha acontecido a eles, resolveram levá-los para o
trapiche, assim eles teriam um lugar para passar a noite.
Chegando
lá todos os meninos avançaram para cima da Dora com o intuito de
estuprá-la.João Grande e o Professor tentavam protegê-la e ela e o irmão
choravam aterroriados.Pedro chegou e num primeiro momento queria também
estuprá-la, mas depois mudou de ideia e como chefe do grupo ordenou que Dora
não seria tocada.
Dora
e o irmão acabaram se tornando integrantes do Capitães da Areia.Ela, aos
poucos, foi conquistando os meninos e se tornou a mãe deles, costurando suas
roupas, dando carinho, sendo gentil e amorosa.Mas Pedro e o Professor haviam se
apaixonado pela menina, a qual correspondia somente a Pedro, o via como um
herói.
Dora,
apesar da resistência inicial de Pedro Bala(que no fundo gostou de sua
atitude), começou a participar dos assaltos dos Capitães da Areia, pois não
achava justo “comer de graça”.A menina se mostrou ágil e esperta.
Em
uma tarde Pedro sozinho brigou com um outro grupo de meninos abandonados
liderado por Ezequiel por eles terem xingado Dora.Chegando no trapiche a menina
cuidou dos ferimentos de Pedro e o beijou, se envergonhando depois.
A
noite surgiu com um clima romântico.Pedro e Dora deitaram no areal.Ele disse a
Dora que ela era sua noiva e que um dia eles iriam se casar.Na mesma noite
Pedro Bala reúne alguns dos meninos para se vingar de Ezequiel.Dora foi junto,
eles lutaram e venceram, voltando para o trapiche felizes e vitoriosos.Pedro
Bala e Dora voltaram para o areal, conversaram sobre coisas tolas e dormiram de
mão dadas, sem terem se beijado.
Saí
uma reportagem no jornal afirmando a prisão do chefe dos Capitães da Areia.Ele
e mais um grupo(incluindo uma menina) foram assaltar uma mansão.Um morador
percebeu o assalto e quando entraram em uma sala os trancou.
A
polícia chegou e graças a uma manobra esperta de Pedro o grupo conseguiu fugir,
restando só ele, que foi levado para a delegacia, e Dora, a qual foi levada a
um orfanato.Pedro, após passagem pela delegacia, foi levado para o
reformatório.Lá pessoas da imprensa junto com dois soldados da polícia e o
diretor do reformatório espancaram Pedro Bala para ele denunciar o esconderijo
dos Capitães da Areia.Ele não disse: era filho de um grevista, não ia dizer
onde seus amigos estavam.
De
tanto apanhar desmaiou.No dia seguinte foi levado para um minúsculo quarto
escuro(chamado cafua), no qual só dava para ficar sentado ou deitado de pernas
encolhidas.Durante sua estadia nesse terrível lugar ele só teria direito a
pouca água e feijão, que propositalmente era muito salgado e dava mais sede.Ao
passar dos dias ele aprendeu a só tomar a água.Suas necessidades eram feitas no
minúsculo lugar.
Pensava.A
liberdade é o bem maior do mundo.Pensava em Dora, que também estava sem
liberdade.Sentia sua falta, sentia falta do seu cabelo loiro encostando em seu
corpo.Queria sair dali e salvá-la do orfanato.A sede o corroía e a raiva de sua
incapacidade naquele momento também.
Um
menino vai na porta da cafua e avisa Pedro que assim que sair dali os Capitães
da Areia viram salvá-lo.Ele se agoniza pensando se Dora não estaria na mesma
situação que ele.Perdeu a noção do tempo, delirava, estava extremamente
debilitado, pensava que ia morrer.
Depois
de oito dias Pedro sai da cafua, extremamente magro e fraco.Raspam sua
cabeleira loira e o colocam para trabalhar no canavial junto com os outros
meninos.Pessoas violentas os vigiavam para garantir que não fugiriam.
Os
Capitães da Areia haviam deixado uma corda para Pedro no canavial.Ele a pegou e
arriscadamente e levou-a para o quarto.Em uma noite a usou para fugir, sendo
que o fez nu para os cães não rastrearem seu cheiro.
No
dia seguinte o Professor lê a reportagem que anunciava o fuga de Pedro e todos
gargalham(era um costume dos Capitães da Areia:gargalhar), inclusive o Padre
José.Os meninos resgatam Dora do orfanato(invadiram e a pegaram), a qual estava
com uma febre que não cedia desde que fora capturada.
Chegando
no trapiche a febre aumentou.D’Aninha foi chamada e depois de rezar afirmou que
logo a febre cederia.Os olhos de Dora estavam em paz porque ela segurava a mão
de Pedro Bala, enquanto o resto do grupo estava aflito de perder a querida mãe
e amiga.
Dora
pede que os meninos durmam.Eles se afastam, mas a maior parte continua acordada
com medo de perdê-la.Ela avisa Pedro que se tornou mulher(havia menstruado
quando estava no orfanato) e pede que ele fizesse dela sua
"esposa".Ele resiste, afinal Dora estava doente, mas ela insiste e
eles transam, sendo essa união uma forma de um casamento.Ela era agora sua mulher
e os dois dormiram juntos, ambos em paz.
No
meio da noite Pedro acorda e nota que Dora estava gelada.Ela estava morta.Ele
grita, acordando todos, e sai do trapiche para não explodir em soluços.O
Professor, quando a viu morta, sentiu que não havia mais motivo para continuar
nos Capitães da Areia.Pirulito trouxe o Padre José, que iniciou uma
oração.
Querido-de-Deus
levou o corpo para o mar com sua saveiro.Pedro, inconformado, entra no mar e
segue a embarcação até ser vencido pelo cansaço.Alguns diziam que quando pessoas
corajosas morrem se tornam estrelas.Pedro começa a boiar e vê Dora indo para o
céu.Não importava se os astrônomos dissessem que era apenas uma estrela
cadente, para Pedro era Dora, uma menina extremamente valente e
corajosa.Querido-de-Deus avistou Pedro no mar e o trouxe de volta a terra.
O
Professor, que havia mudado muito depois da morte de Dora, entrou em contato
com o poeta que certa vez lhe deu um cartão e foi embora para o Rio de Janeiro
pintar.Na despedida os Capitães da Areia ficaram esperançosos, com o pensamento
que algum dia o Professor, através de suas pinturas, pudesse mudar a vida
deles.
Pirulito
havia mudado, não roubava mais e trabalhava.Tinha uma imensa vontade de
“servir” a Deus, e o Padre José conseguiu que ele entrasse para uma escola de
frades.Depois de se formar começou a dar catecismo em uma igreja.Já o Padre
José finalmente recebeu sua paróquia no interior nordestino, onde os
cangaceiros atuavam.O Padre ficou extremamente feliz por poder ajudar os
cangaceiros, que não passavam de “crianças grandes”.
Boa-Vida
se tornou um verdadeiro malandro, cantando samba durante as noites, enrolando
moças, roubando quando necessário.
Mais
uma vez Sem-Pernas se infiltrou em uma casa para depois os Capitães da Areia
poderem assaltar.Dessa vez a casa era de uma senhora solteira chamada Joana, a
qual deixou ele ficar por desejo sexual, e não por dó.
Nas
noites ela ia procurar Sem-Pernas em seu colchão, mas não permitia a penetração
pois tinha medo de ficar grávida, já que era solteira.O sexo incompleto
enfurecia Sem-Pernas, que a tratava mal.Só permanecia na casa porque também
tinha desejos sexuais, uma vez que não era “sortudo” no amor devido a sua perna
manca.
Sem-Pernas
fugiu e logo os Capitães da Areia a assaltaram.No início ela se abalou pois não
tinha mais o “amor” de Sem-Pernas, contudo quando descobriu o assalto se
enfureceu.O “amor incompleto” de Joana provocou um profundo ódio em Sem-Pernas,
um ódio que o impedia de dormir.
Anos
atrás, durante a alta do cacau, muitas prostitutas deixaram a Bahia e foram
para Ilhéus “servir” os coronéis enriquecidos.Uma amiga de Dalva disse que lá
conseguiu jóias e ela partiu para Ilhéus junto com Gato, que se tornou gigolô e
jogador.
Volta-Seca
foi flagrado roubando e foi preso e espancando.Depois de liberto partiu de trem
para Aracaju com o objetivo de encontrar outro grupo de meninos abandonados.Não
se despediu dos Capitães da Areia pois planejava voltar.Conquanto, no meio da
viagem ele encontrou o grupo do Lampião.O padrinho reconheceu seu afilhado e
Volta-Seca se tornou um cangaceiro.
Em
um assalto arriscado Sem-Pernas foi perseguido por soldados e se jogou de um
penhasco quando viu que iria ser pego.Preferiu morrer do que passar novamente
por humilhações e constrangimentos.
O
Professor saiu no “Jornal da Tarde”, era uma famoso pintor de obras com
conteúdo social.Analistas repararam que em suas obras “alegres” sempre havia
uma menina loira de “bochechas febris”(Dora) e nas obras “tristes” sempre havia
um homem com um grande sobretudo.Gato também apareceu no jornal, era um
vigarista que vendia terras fictícias em Ilhéus.Volta-Seca foi manchete por ser
um jovem menino muito violento no grupo de Lampião.
Futuramente
Volta-Seca será preso e julgado(o que também será manchete no jornal).Um especialista
renomado afirmara que ele é normal, sua violência é fruto do ambiente onde ele
cresceu e viveu.Contudo ninguém se interessa tanto pela matéria do especialista
renomado, preferindo a apelação do promotor que afirmou que as vítimas de
Volta-Seca sofreram muito.Mais uma crítica do autor a sociedade hipócrita.
Pedro
Bala se contagia com uma greve dos bondes que acontecia na Bahia, aceita
o pedido de João-de-Adão e Alberto de dispersar os “fura-greve”(pessoas pagas
para irem trabalhar como se nada estivesse acontecendo) e o faz com sucesso(ele
e os Capitães da Areia).
A
voz da greve chamava Pedro Bala como a voz de Deus chamava
Pirulito.Ser grevista estava no sangue de Pedro, seu destino era ajudar o povo
sofrido, lutar pela liberdade.Pedro ingressou em uma organização grevista e os
Capitães da Areia passaram a ser uma brigada de choque.
Pedro
foi convocado para organizar um grupo de crianças abandonadas em Aracaju,
enquanto Almiro ajudaria os Capitães da Areia.Foi ao trapiche se despedir,
deixando Barandão como o novo chefe.Os meninos gritavam enquanto ele partia.
Anos
depois, nos pequenos jornais que circulavam nas fábricas, havia sempre notícias
de um militante, Pedro Bala, que era procurado em cinco estados por organizar
greves e dirigir partidos ilegais.Certa vez foi preso.Quando conseguiu fugir os
jornais anunciaram seu ato.Ao saber da notícia o rosto das pessoas(pobres) se
iluminaram: “a revolução é uma pátria e uma família”.
Texto de Graziella Toffolo Luiz
Fonte:
-
Capitães da Areia(1937) - Jorge Amado
- Anglo
Vestibulares - Português - Literatura Fuvest/Unicamp 2012