quinta-feira, 7 de junho de 2012

Resumo do livro "A Cidade e as Serras"


                    
RESUMO - A CIDADE E AS SERRAS (1901), EÇA DE QUEIRÓS

AUTOR E OBRA
Em “A Cidade as Serras” o autor ameniza o rigor do método realista e reconcialia-se com seu país, Portugal, duramente criticado em seus romances anteriores. É um romance no qual é ironizado os males da civilização.
A temática (campo x cidade) é recorrente na obra do autor, mostra a futilidade reinante em Paris e satiriza as idéias positivistas que deslumbravam a juventude intelectual da época. No livro ele acredita na vida simples e campestre, liberando o bucolismo.


CARACTERÍSTICAS DA OBRA
*Há idealização da vida rural portuguesa, entendida como remédio para os males gerados pela civilização urbana do final do século XIX;
*Alegoria: metáfora desenvolvida numa narrativa de significado simbólico, no caso do livro A Cidade e as Serras, a felicidade está na simplicidade do campo e não na artificial vida urbana;
*Zé Fernandes narra com subjetividade;
*Superioridade da vida rural sobre a civilização urbana e o fato da desumanização do homem nas grandes cidades;
*Zé Fernandes é um “complemento” de Jacinto. Juntos são uma totalidade em que o caráter impulsivo do segundo é contrabalançado pelo perfil mais compassivo do primeiro. Pode-se dizer que são uma “atualização” de Sancho Pança(Zé Fernandes) e D. Quixote(Jacinto);
*Realismo,naturalismo e impressionismo (o livro possui características desses), não deixando de ser realista.
*Os personagens secundários são caricaturas, apresentam traços ridículos,que denunciam a intenção satírica e crítica do autor;
*Romance de espaço: o espaço é decisivo na estruturação do romance;
*Está presente a ironia, humor, caricaturesco, uso expressivo de certas categorias gramaticais (como adjetivos e advérbios), paródia, intertextualidade e senso de contraste;
*É um romance de tese:
   Tese: a cidade é o melhor lugar para se viver -> Jacinto: o homem é superiormente feliz quando é superiormente civilizado.
   Antítese: o campo é o melhor lugar para se viver -> Zé Fernandes: desde o início apresenta um ponto de vista firme, preferindo a vida camponesa.


PERSONAGENS
Jacinto Galião: avô de Jacinto,é um fidalgo português devoto à realeza absolutista que abandona Portugal depois da expulsão de D. Miguel.Era gordo e morreu de indigestão.

Angelina Fafes: avó de Jacinto.

Cintinho: pai de Jacinto, possuía uma saúde frágil e temperamento sombrio.Se apaixonou por Teresinha Velho,casou-se e logo morreu.Jacinto nasceu pouco tempo depois.

Teresinha Velho: gorda e habilidosa era filha de um desembargador.Mãe de Jacinto.

Jacinto de Tormes: protagonista,rico,português residente em Paris,inicial entusiasta da vida urbana,possuía idéias encantadoras.Ganhou na escola o apelido de “Príncipe  da Grã-Ventura” pelo qual é chamado por Zé Fernandes pelo resto da vida.Era inteligente.Seu personagem além de ser uma crítica do escritor a ultra civilização é também a utopia de um novo Portugal.Na Serra pode ser interpretado como um “D. Sebastião” atualizado pelo socialismo e pelo positivismo (Jacinto ficou com fama de D. Sebastião na obra).Enfim,representava uma nova pátria,capaz de modernizar-se sem perder as tradições e as particularidades.

José Fernandes: narrador- testemunha (não onisciente) do livro (1ª pessoa) e amigo de Jacinto desde a escola. Dá importância aos instintos, sobrepondo -os á sua capacidade de sentir ou de pensar. Zé tenta provar o engano que as crenças civilizatórias de Jacinto podem conduzir, embora  o admire. Pode ser considerado  deuteragonista  (segunda personagem mais importante).

Grilo: criado da família desde os tempos de Galião, negro.

Madame de Oriol: uma das “cocottes” mais citadas, sempre sorria e possuía um belo corpo, amante de  Jacinto.

Grão  Duque  Casimiro: barba grisalha, calvo, olhos azuis, era temido e respeitado.

Madame Colombe:   prostitura barata,  triste e estúpida.   Jacinto se apaixonou com ardor por ela, porém o romance não durou.

Tia Vicência: tia de José Fernandes,  morava em Guiães (Portugal). Era simples e uma ótima cozinheira.
Melchior: dedicado e simples, era caseiro de Tormes.

Silvério: procurador, responsável por organizar a construção da capela de Tormes.

Joaninha: prima de Zé, bondosa, trabalhadora e simples.Surge no final do livro, quando casa com Jacinto.


TEMPO E ESPAÇO
Século XIX, quando Paris era considerada o centro do mundo e a capital da Europa e Portugal era um país agrário e decadente. Havia grande entusiasmo nos meios intelectuais da época pelas teorias positivistas.


SÍNTESE
  D. Galião era um fanático miguelista. Quando D.Miguel deixou o poder Galião abandonou Portugal e foi para Paris levando o criado Grilo, se instalando no 202. Logo ele morre de indigestão e seu filho Cintinho  cresce, doente e frágil, o qual casa-se com Teresinha Velho e morre. Pouco tempo depois nasce Jacinto.
  Jacinto desde pequeno foi forte, belo e inteligente. Tudo de melhor acontecia com ele e ficou conhecido como “Príncipe da Grã -Ventura”. Positivista e animado, defendia  a teoria: “o homem só  é superiormente feliz quando é superiormente civilizado” e logo, o homem do campo além de ser selvagem não é completamente feliz. Zé, que desde criança era seu amigo, não concordava muito, mas ficava quieto, apenas ouvindo.
  Zé vai para Guiães, em Portugal, e fica lá durante 7 anos. Quando seu tio (que o sustentava) morre, ele abandona Guiães e volta para Paris.
  Ao chegar reencontra Jacinto. O 202 estava deslumbrante: 30.000 livros, equipamentos de última geração, luxo. Zé é convidado por Jacinto para morar lá e aceita. Com o passar do tempo ele percebe a tristeza de Jacinto: ele havia percebido a futilidade das pessoas e a inutilidade das coisas da civilização.
  Alguns acontecimentos agravarão esse estado de ânimo: houve um estouro nos tubos da sala que jorraram água quente. Pelo ocorrido, Jacinto recebeu muitos telegramas e algumas visitas. Também aconteceu um jantar com a presença do Grão-Duque Casimiro, que trouxe um peixe raríssimo. Esse peixe ficou preso no elevador e Casimiro foi tentar retirá-lo, sem sucesso. Jantaram sem o peixe. Além da reunião ter sido maçante, o fato do peixe deixou Jacinto ainda mais aborrecido. Ele estava realmente entediado com a sua fartura.
  Jacinto recebe uma carta dizendo que a igreja onde os ossos de todos os seus antepassados fora destruída por um desmoronamento de terra. Tal igreja ficava em Tormes, perto de Guiães(Portugal). Ele manda reconstruí-la.
  “O Príncipe da Grã-Ventura” reforma o 202 devido aos problemas(água fervente jorrando, elevador quebrando).O 202 estava cheio de livros pelos corredores.
  Zé Fernandes se apaixonou “carnalmente” pela cocotte Madame Colombe e viveu uma selvagem paixão. Porém, em menos de 3 meses, ela abandonou a cidade. O caso contraria a teoria inicial de Jacinto segundo a qual o homem se tornava um selvagem no campo. Nesse caso foi a cidade de Paris que transformou Zé Fernandes num escravo de seus instintos.
  Os amigos vão visitar a Basílica de Paris. Zé expõe sua teoria: “O homem pensa ter na cidade a base de toda a sua grandeza e só nela tem a fonte de toda a sua miséria”. Ele ainda comenta o fato de muitos trabalharem para poucos terem uma vida “civilizada”. Jacinto concorda que a cidade é uma ilusão, uma terrível ilusão.
  Zé foi viajar pela Europa e quando voltou encontra Jacinto no pessimismo. Agora ele acreditava que “Sofrer é inseparável de viver”. Através disso se tornou mais humanitário e social, o que não durou muito, seu tédio e desânimo voltará a se instalará. Até visitar a Madame de Oriol (com a qual muitas das tardes passava apenas conversando) já o entediava.  
  Chegou o aniversário do “príncipe”, que resolveu ficar em casa, sem ver ninguém, somente a Zé(que morava lá).
  Quando recebeu a notícia que a Igreja de Tormes estava pronta Jacinto decidiu ir para a serra e ficar lá por 1 mês, até os ossos serem recolocados .Antes, enviou várias caixas para ter conforto no campo.Renasceu nele o gosto pela cidade, o qual logo sumiu.Zé, não agüentando ver mais o amigo no desânimo,propôs que eles viajassem de uma vez.
  A viagem foi longa.Na baldeação, indo para o último trem, Grilo e as malas se perderam.Jacinto achou que por engano eles tivessem ficado em outro vagão.Os dois chegaram na estação de Tormes e descobriram que o procurador Silvério, que ia fazer a recepção deles, não estava na serra; que Grilo e as malas haviam ficado em outro trem, as caixas que Jacinto mandará haviam sido desviadas, o caseiro Melchior não esperava por eles e a as obras da antiga casa não estavam prontas.
  Apesar de toda a confusão,Jacinto gostou da beleza da serra e da comida, apesar de não ter gostado das coisas não terem saído como ele planejou.Zé foi para a casa da Tia Vicência e quando voltou,para a sua surpresa,encontrou o “príncipe” ainda na casa,feliz,de bem com a vida, renovado.As caixas não chegarão devido ao encarregado ter confundido com outro lugar que se chama Tormes,na Espanha.
  Agora Jacinto acreditava que “a vida era vontade e movimento”.Na natureza tudo era belo,em constante transformação ,enquanto na cidade era a “mesmice”.Isso deu vida a ele.
  Houve a cerimônia para a recolocação dos ossos,que foi pequena e solene.
  O “príncipe” pensava em plantar árvores,montar currais,gado,queijarias,porém,os planos ficavam apenas no papel.
  Um dia,andando pela serra,Jacinto encontrou uma  criança com fome.Assim descobriu o lado triste  e pobre do campo e começou a ajudar as famílias com dinheiro,novas moradias e mobílias.Dessa maneira começou a circular uma lenda que Jacinto era D. Sebastião que havia voltado para ressuscitar Portugal.
  Chegou o aniversario de Zé em Guiães e foi realizado uma comemoração na casa da Tia Vicência.Jacinto foi recebido com um pouco de frieza,com exceção da anfitriã.Tal atitude só foi compreendia pelo “príncipe” ao final da festa: os convidados pensavam que como o avô ele era miguelista e que pretendia  restituir D. Miguel ao poder.
  No dia seguinte eles vão visitar um sítio chamado “Flor da Malva” onde jacinto encontra Joaninha,se apaixona e casa.
  Jacinto tem dois filhos: Teresinha e Jacintinho.Chega as caixas perdidas do 202 e isso demonstra o equilíbrio de Jacinto: ele pega somente o necessário e o resto vai para o sótão.Jacinto, no decorrer de 5 anos, ensaia algumas idas ao 202,mas elas são adiadas e ele e sua família acabam não indo(Joaninha não demonstrava interesse).Como Grilo disse:” Jacinto brotará”: nesses 5 anos ele descobriu seus melhores valores: era feliz e fazia os outros felizes.
  Zé volta a Paris,onde se sentiu abandonado e entediado.Percebeu que os antigos conhecidos eram seres frágeis e vazios,fantoches que viviam uma vida falsa e mesquinha.Não suportando a cidade,volta a Portugal.Este serrano que antes valorizava Paris e os encantos da civilização foi tornando pelo mesmos sentimentos de Jacinto e confirmou uma simples verdade: a reabilitação de Eça de Queiroz com o seu Portugal.
  Chegando em Tormes foi recebido  pela família de Jacinto.Jacintinho segurava uma bandeira,dizendo que era a bandeira do castelo.Subindo a serra,naquela calma e beleza,em paz e felizes,parecia que eles subiam para o Castelo da Grã-Ventura.

Texto de Graziella Toffolo Luiz

Fonte
- A Cidade e as Serras, Eça de Queirós
- Anglo Vestibulares, Português/Literatura, Fuvest/Unicamp 2012
http://guiadoestudante.abril.com.br/literatura/materia_410537.shtml( acessado em junho/2012)

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4 comentários:

  1. Parabéns, Grazielle, seria interessante adicionar a ferramenta para adicionar os seguidores. O contador de visualiações de páginas é muito bacana para você poder acompanhar a aceitabilidade e o número de acesso de seu blog.
    Um grande abraço.

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    Respostas
    1. Como eu faço isso, adicionar os seguidores? Em relação ao contador eu já tenho acesso ao número de visitas :)Muito obrigada

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  2. A descrição da madame Colombe precisa ser corrigida: ela era amante do Zé Fernandes, e não do Jacinto.

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