quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Resumo de Memórias de um Sargento de Milícias


Resumo de Memórias de um Sargento de Milícias - Manuel Antônio de Almeida


Autor e obra
  Manuel Antônio de Almeida era filho de um modesto casal de portugueses, perdeu o pai aos dez anos de idade. Pode-se supor que tenha conhecido de perto a vida da pequena classe média carioca, que povoa sua obra-prima. Sabe-se que estudou desenho na Academia de Belas Artes e que, feitos os preparatórios, foi aprovado em 1848 para o curso de medicina. Formou-se médico em 1855, tendo perdido dois anos, talvez por dificuldades financeiras, que devem tê-lo impedido de exercer a profissão. A necessidade de prover os meios para sua sobrevivência o levara ao jornalismo. Trabalhou como revisor, traduzir para folhetins de jornal e foi redator do Correio Mercantil.
  Publicou o romance Memórias de um Sargento de Milícias em folhetins anônimos quando cursava medicina. Cada capítulo do livro foi publicado semanalmente em um jornal. Todos os folhetins foram reunidos e formaram o livro “Memórias de um Sargento de Milícias” em 1854 e 1855, em dois volumes, como autor ”Um Brasileiro”. Essa omissão de seu nome no romance indica que Manuel Antônio de Almeida não queria seguir uma carreira literária. Era extremamente talentoso, uma vez que era médico, escritor, músico, tradutor e pintor.Além disso, depois que se formou em medicina, ingressou na carreira política, morrendo em um naufrágio enquanto fazia propaganda para um deputado.


Personagens

LEONARDO- protagonista que garante unidade à narrativa. O sargento de milícias a que se refere o título da obra é Leonardo, embora o personagem obtenha esse cargo somente nas últimas páginas do livro. Era esperto e possuía um gênero cólico.

LEONARDO-PATACA- pai de Leonardo, um meirinho (oficial de Justiça) que fora vendedor de roupas em Lisboa e, durante sua viagem ao Brasil, conhece Maria das Hortaliças, o que resultará no nascimento de Leonardo.

MARIA DAS HORTALIÇAS- mãe de Leonardo, uma saloia (camponesa) muito namoradeira, que abandona o filho para ficar com outro homem.

O COMPADRE (OU PADRINHO)- é dono de uma barbearia e toma a guarda de Leonardo após os pais abandonarem a criança. Torna-se um segundo pai para ele, sendo extremamente atencioso e preocupado com o menino.

A COMADRE (OU MADRINHA)- mulher gorda e bonachona, parteira, apresentada como ingênua, frequentadora assídua de missas e festas religiosas. No decorrer do livro sempre se mostra muito apegada à Leonardo

MAJOR VIDIGAL- homem alto, não muito gordo, com ares de moleirão. Apesar do aspecto pachorrento, era quem impunha a lei de modo enérgico e centralizado, sendo severo.

DONA MARIA- mulher idosa e muito gorda, não era bonita, mas tinha aspecto bem-cuidado. Era rica e devotada aos pobres. Tinha, contudo, o vício das demandas (disputas judiciais).

LUISINHA- sobrinha de dona Maria, possuía um coração terno. Seu aspecto, inicialmente sem graça, se transforma gradualmente, até se tornar uma rapariga encantadora.

VIDINHA-  mulata de 18 a 20 anos, muito bonita, doce, atraente, namoradeira, que atrai as atenções de Leonardo.

TOMÁS- amigo de infância de Leonardinho, foi sacristão junto com ele. Quando adolescente,  o reencontrou.

TEOTÔNIO- homem extremamente divertido, com vários dons, dentre eles o de imitar as pessoas, cantar e dançar. A única coisa que fazia na vida era ir à festas e animá-las, além de ser um apostador de jogos. Procurado pelo Major Vidigal.

MARIA REGALADA- risonha, amorosa, escandalosa, gentil, paixão do Major Vidigal, o qual era a sua paixão antes de entrar na polícia.

JOSÉ MANUEL- magro e mentiroso, falava mal da vida das pessoas. Disputa com Leonardo a moça Luisinha (interessado no dinheiro de Dona Maria).

CHIQUINHA- filha da comadre, casa-se com Leonardo Pataca. Antipática a Leonardo, viviam brigando e ela fazia de tudo para irritá-lo.

Mestre-de-reza de D. Maria- velho cego, porém extremamente astuto e rigoroso. Ensinava as escravas de D. Maria a rezar. Reata a relação de José Manuel e D. Maria.


Tempo e espaço

A história se passa no Segundo Reinado na época de D. João VI na cidade do Rio de Janeiro.Como os personagens são de baixa renda, as ações acontecem em bairros mais afastados do centro.

Análise da obra


    - Tom humorístico

 - Romance de costumes: faz crônica de costumes do Rio Colonial, na época de D.João VI (início do século XIX)

 - Se concentra nas proezas de Leonardo-Pataca e de seu filho Leonardo(dois estereótipos da malandragem carioca), principalmente nas amorosas, além de retratar(com muitos detalhes) festas, encontros, instituições e profissões populares da cidade

 -É uma obra escrita na época do romantismo, mas que se distancia das características das épocas pelos seguintes motivos:
  - não envolve personagens da elite, mas sim pessoas de baixa renda;
  - não há idealização dos personagens, mas descrição direta, objetiva e realista;
  - o protagonista(Leonardo) não é um herói nem um vilão:é um anti-herói malandro, de natureza cômica;
  - as cenas não são idealizadas, mas sim reais e com poucos aspectos poéticos;
  - ausência de moralismo e recusa da ideia de que as ações humanas se dividem necessariamente entre boas e más;
  - o estilo é oral e descontraído, com uma linguagem simples e direta, diferente da conversa ou do estilo jornalístico da época.
  Tal originalidade afastou a obra do Romantismo e ao mesmo tempo a aproximou do Realismo, do Modernismo e do folclore nacional,ou seja, é um Romance excêntrico, de transição.

 - Há a exageração dos traços físicos dos personagens e das situações, ou seja, caricaturas

 - Rompe a tensão bem x mal, heroi x vilão.As personagens praticam o bem e o mal, impulsionadas pelas necessidades  -> típico do Romantismo

 - Leonardo é um anti-heroi, “filho de uma pisadela e de um beliscão”

 - Imparcialidade do narrador -> neutro e onisciente

 - Fidelidade ao real

 - Digressões e metalinguagem

 - Não há juízo moral

 - Não é considerada uma obra percussora do Realismo, pois o Realismo pertencente a ela é espontâneo, arcaico,sem o estofo analítico da 2ª metade do século XIX

 - No decorrer do livro alguns personagens (como D. Maria e a comadre) acreditam que coisas ruins acontecem com Leonardo por azar, por ele ter nascido num dia ruim

- O narrador dialoga com o leitor, no decorrer do livro

- O livro é narrado em 3ª pessoa  e o narrador é onisciente


Síntese

  Leonardo Pataca era um português que veio trabalhar no Brasil. Na viagem, conheceu Maria-da-Hortaliça. Eles se paqueraram no navio através de uma pisadela e um beliscão. Chegando ao Brasil, ela começou a sentir enjoos: estava grávida de Leonardo. Eles foram morar juntos. Chegou o dia do batismo do bebê. No início, a festa estava com ares aristocráticos conforme o desejo de Leonardo-Pataca. Já no final estava uma gritaria, um alvoroço.
  Sete anos se passaram. O filho deles havia crescido. Leonardo era estranho, arteiro e guloso, apanhando sempre da mãe. Um dia Leonardo Pataca chegou na sua casa sem avisar e confirmou algo que já desconfiava: Maria o traía. Espancou a mulher e o filho, o qual, muito arteiro estava rasgando seus papeis no momento da briga. Só parou de bater na Maria-da-Hortaliça quando um barbeiro amigo e padrinho de Leonardo interviu. Leonardo saiu bravo.
  De tarde voltou para tentar uma reconciliação com a esposa, apesar de ainda estar relutante. O barbeiro o acompanhou e lá chegando descobriram que Maria havia partido para Portugal junto com um capitão. Assim, Leonardo saiu em choros, abandonando o filho, que agora era de responsabilidade do padrinho.
  O padrinho sempre foi um homem sozinho e por isso pegou muito amor por Leonardo. Até suas travessuras o “agradavam”. Ele tinha algum dinheiro guardado e como era sozinho estava disposto a gastar com o futuro do afilhado. Pensou em formá-lo como meirinho ou até mesmo barbeiro, afinal, esse era o modo como ele tinha se “arranjado”. Depois de muito pensar, decidiu que o menino deveria ser padre. Então, conversou com ele e pediu para que parasse de aprontar travessuras. O menino não apreciou muito a ideia.
  No mesmo dia havia uma procissão. Leonardo, escondido do padrinho, entrou nela fazendo farra e gritaria, seguindo-a. Na mesma noite, seu pai, apaixonado por uma cigana, que não o correspondia, foi a um horripilante casebre de um homem que fazia feitiçaria (emprego muito lucrativo na época). O negrinho pediu que ele entrasse e fosse orar perto da fogueira, onde estavam mais três ajudantes.
  De repente bateu na porta o Vidigal. Naquela época, a polícia não era bem organizada e o Vidigal era temido, pois ele julgava os casos e dava ordem de prisão (“a sua justiça era infalível”). Ele invade o casebre com vários soldados junto de si. Leonardo tentava se esconder assustadíssimo sem resultado, pois conhecia o Vidigal. A feitiçaria era proibida na época, um tabu. O Vidigal ordena que eles continuem dançando ao redor da fogueira. Os soldados debochavam e horas depois, quando pararam de tão cansados, o Vidigal ordenou chibatadas. E todos foram para uma casa de guarda. Leonardo implorou para que o deixasse livre, não queria que todos soubessem que ele havia se envolvido com bruxaria. Mas nada adiantou, o Vidigal não poupou sua liberdade.
  Ele passou a noite e boa parte da manhã em uma casa de guarda. A notícia já havia se espalhado entre os meirinhos. Quando Leonardo Pataca achou que ia ser liberto foi enviado para a prisão.
  E o Leonardo (filho), aonde estava? Passou a noite em uma festa cigana com dois meninos que achou na procissão da Via-Sacra. Os ciganos eram ociosos e desonestos. De manhã, o menino voltou para casa e encontrou o padrinho muito preocupado que passou parte da noite o procurando. O menino afirmou que foi ver um oratório e tudo ficou bem.
  A madrinha de Leonardinho, sua parteira, era muito “ocupada”, pois não faltava em nenhuma missa. Em uma delas ouviu boatos do que acontecera com Leonardo (pai) e  a Comadre foi visitar o padrinho para saber todos os detalhes. Foi apenas com curiosidade, queria assunto para fuxicar nas missas.
  O padrinho contou-lhe tudo, inclusive seu desejo do menino ser padre. A madrinha não concordava, achava que era melhor o menino aprender um ofício. E a partir deste dia, vinha periodicamente ensiná-lo o alfabeto, por um motivo que só saberemos depois.
  A comadre foi até o pátio dos bichos, lugar onde ficavam os soldados idosos, os quais, muitas vezes, adormeciam e eram caçoados. Ela pediu a velho tenente para soltar Leonardo, depois de lhe contar tudo o que havia se passado. Ela fez isso porque Leonardo Pataca pediu (na cadeia avisou um colega que a avisou), uma vez que esse velho tenente já conhecia Leonardo e já o havia ajudado. O tenente partiu e foi ajudá-lo.
  O velho tenente conheceu Leonardo da seguinte maneira: seu filho engravidou uma moça pobre em Portugal, dias antes dele vir para o Brasil. O velho tenente deu a moça uma quantia em dinheiro, mas em sua alma “a conta ainda não estava acertada”. Muitos anos depois o velho tenente descobriu que a sua neta estava no Brasil: era Maria, esposa de Leonardo. Então, sentiu obrigação de fazer algo por eles. Em uma certa ocasião, livrou Leonardo de um pequeno acontecimento. Leonardo achava que o velho havia lhe ajudado por que ele era um homem bom e quando se viu preso, não hesitou em pedir ajuda.
  O padrinho, chamado de Compadre, desconhecia a própria origem. Aprendera o ofício de barbeiro com o homem que o criara. Depois de rapaz, desligou-se da família e embarcou para a África como médico num navio negreiro, pois fazia sangrias com eficiência (método usado na época para curar pessoas). Na volta ao Brasil, tendo ganhado a confiança da tripulação, foi chamado ao leito de morte do capitão, que lhe confiou um baú de dinheiro para que o entregasse a uma filha residente no Rio. O barbeiro ficou com o dinheiro, em vez de entregá-lo a suposta herdeira. 
  Demonstrava extrema paciência com o enteado, que sempre frustrava suas expectativas. É também tolerante com a vizinha, que não perde chance em provocá-lo por causa das diabruras do afilhado.
  O Compadre continuava a ensinar à Leonardinho o alfabeto e as rezas. Percebeu que o menino tinha aversão a religião, mas não desistiu, o menino havia de ser padre. Os vizinhos não acreditavam nisso, o que até gerou brigas. O velho tenente, quando descobriu que Maria, havia ido embora para Portugal, tentou pegar a guarda de Leonardinho para tentar “acertar a conta” que seu filho fez. Mas não obteve resultado. O Compadre começou a criar Leonardinho e ia terminar, pois sonhava com um grande futuro para ele.
  O menino, depois de muito esforço, aprendeu uma reza. O Compadre o colocou em uma escola para clérigos e ele apanhou muito no primeiro dia (o instrutor era extremamente severo), jurando nunca mais voltar a uma escola. Com muita persistência, o Compadre conseguiu que ele ficasse na escola durante dois anos. O menino começou a “furar” aula, indo sempre para a Igreja da Sé, a qual, sempre muito cheia, tornava-se difícil achá-lo. E lá fez amizade com um sacristão (coroinha). Pouco tempo depois, aprontava muitas travessuras. Certa vez, os dois se vingaram de uma vizinha ranzinza. Leonardinho, que não gostava dela, jogava fumaça do turíbulo no seu rosto durante uma missa inteira.
  A vizinha foi reclamar com o mestre-de-cerimônias, o qual repreendeu os meninos. Eles, então, resolveram se vingar dele também avisando errado o horário do sermão mais importante do ano que o mestre de cerimônias tinha que dar. No momento do aviso, o padre estava na casa de uma cigana, lugar que frequentava em segredo. O mestre-de-cerimônias chegou atrasado para o sermão e ficou extremamente bravo, expulsando Leonardinho de seu ofício de sacristão. A vizinha ranzinza e a comadre avisaram o Compadre que o menino não tinha vocação para a Igreja.
  Leonardo (pai) descobriu que o homem que a cigana saía era o tal mestre-de-cerimonias. (que babado! haha) Planejou uma vingança, enfurecido. Chegou a uma festa de aniversário da cigana e o mestre-de-cerimonias estava em um quarto. Um “valentão” (Chico-Juca), contratado por Leonardo, entrou na festa e provocou uma desordem. Em seguida, avisou o Vidigal. Leonardo escondeu-se em lugar conveniente e ficou observando o resultado de sua intriga. Entrou o Vidigal com seus granadeiros. O padre foi pego em flagrante delito de amor: de cuecas, meias pretas, sapatos de fivela e um gorrinho na cabeça. Trazido assim para a sala, todos desataram a rir. Em seguida, o padre foi conduzido à Casa de Guarda na Sé. No dia seguinte, foi liberto. Para não perder o emprego que estava em risco, ele decidiu abandonar a Cigana.
  Depois disso, Leonardo conseguiu unir-se à Cigana por mais uns tempos. A Comadre lhe deu um sermão e muitos de seus colegas não aprovaram essa reaproximação. A Comadre tinha interesses e queria que Leonardo se casasse com sua filha, a qual morava com ela e lhe pesava muito. Leonardo não se abalou com o sermão, estava extremamente feliz com a Cigana. Contudo, posteriormente, será feito um plano para que Leonardo se case com a sobrinha da Comadre do qual até a Cigana irá participar.
  Na cidade estava havendo uma procissão e, como de costume, por onde ela passava as pessoas abriam as portas para receber visitas. O Compadre, Leonardinho, a Comadre e a vizinha ranzinza foram parar na casa de D. Maria. O Compadre começou a contar a D. Maria sobre o afilhado, enquanto a vizinha intervia, atrapalhando. No final, quando a procissão já havia passado e todos estavam indo embora, D. Maria pediu ao compadre que aparecesse novamente para conversarem sobre o futuro do menino. (“Já se vê que o menino não era dos mais infelizes pois que, se tinha inimigos, achava também protetores por  toda a parte”)
  Alguns anos se passaram. Leonardo tinha muitas opções a escolher: ser clérigo (Compadre), artista (Comadre) ou algo relacionado a cartórios e processos (D. Maria): “(...) escolheu a pior possível (...) constituiu-se um completo vadio (...)”. Eles continuavam a visitar D. Maria. Leonardo odiava visitá-la, era entedioso. 
  D. Maria, já muito velha, conseguiu a guarda de uma sobrinha que perdeu os pais. A menina, chamada Luisinha, era desengonçada e feia, “ainda não tinha adquirido a beleza de moça”. Porém, por mais que rirá interiormente quando a virá, se sentiu atraído. E um tempo depois, quando foram visitar D. Maria novamente em um domingo de Espírito Santo, Leonardo foi o primeiro a estar pronto. Quando viu a menina não sentiu mais vontade de rir. O Compadre e D. Maria combinaram de irem ver os fogos a noite.
  A noite chegou. Leonardo e Luisinha foram de braços dados. Luisinha permaneceu em silêncio e quieta como sempre até a hora dos fogos, quando se extasiou e ficou maravilhada. Ela se apoiava em Leonardo para ver melhor e os dois se familiarizaram. Voltaram de mãos dadas e conversando. A despedida foi uma tristeza para ambos, que agora pareciam velhos conhecidos.
  Porém,quando houve a próxima visita, Luisinha voltou a ser o que era, quieta, sem nem olhar para Leonardo. E as próximas visitas assim foram até a chegada de José Manuel. Desde o princípio, o Compadre e Leonardo não gostaram de José que só sabia falar da vida dos outros. A raiva de Leonardo aumentou quando ele percebeu que José estava interessado em casar-se com Luisinha, pois essa era a única herdeira de D. Maria, a qual já estava velha. Ele pensou até em matá-lo. O Compadre também não gostava da ideia de Luisinha e José juntos, uma vez que ele tinha desistido da ideia de Leonardo ir para Coimbra e agora queria que ele casasse com a moça. Então, ele contou a Comadre o que acontecia e pediu que ela “tirasse José Manuel do caminho”.
  A Comadre aceitou, pois também queria ver seu afilhado bem. Começou a dar indiretas para D. Maria sobre o real interesse de José Manuel. Leonardo decidiu mostrar a Luisinha o amor que sentia. Em uma visita, quando os dois estavam sozinhos, depois de muito pensar, ele se declarou. Luisinha saiu muda e envergonhada. Dias depois, notava-se que ela estava mais bonita, tanto interiormente como exteriormente, estava mais agitada.
  Leonardo-Pataca havia há muito tempo abandonado a Cigana e se casado com Chiquinha, a qual engravidou. Chegou o dia do parto e a Comadre veio ajudar. Ela era uma das parteiras mais conhecidas. Na época, durante o parto, era usado muitos santos e fé, sendo a religiosidade um “médico”. Leonardo-Pataca ficou extremamente nervoso até a criança nascer. Era uma menina e o pai ficou muito alegre por tudo ter dado certo.
  A Comadre aproveitou uma história de um roubo misterioso de uma moça na cidade e disse a D. Maria que o ladrão era José Manuel. Logo quando José Manuel apareceu, D. Maria o acusou, sem conseguir guardar segredo como a Comadre pediu. José jurou que era mentira, sem sucesso.
  José Manuel, muito esperto, percebera que tinha um inimigo, mas não sabia quem. Então se aliou ao mestre-de-reza (ensinava rezas aos criados de D. Maria), o qual tinha fama de ótimo casamenteiro. Muito astuto, em conversa com D. Maria fingiu, de alguma maneira, saber tudo sobre o tal roubo misterioso, não dizendo quem era o ladrão, deixando a velha em dúvida.
  O Compadre adoeceu e morreu. Leonardo foi morar com o pai e a Comadre também. Leonardo, conforme no testamento do Compadre, era o único herdeiro de sua fortuna. No enterro, Leonardo e Luisinha se aproximaram e nas visitas seguintes en que ele e a Comadre fizeram a D. Maria, os dois passaram a conversar.
  Leonardo (filho) e Chiquinha não se davam bem e a cada dia, as brigas pioravam. Certo dia, Leonardo foi para casa bravo por Luisinha não ter ido lhe ver em uma de suas visitas a D. Maria. Chiquinha se aproveitou da situação e o provocou. Leonardo, que não era calmo, avançou sobre a mulher, fazendo Leonardo-Pataca o ameaçar com uma espada. Depois da ameaça do pai, o menino fugiu. A Comadre chegou e depois de saber do acontecido, indignada, foi atrás do afilhado.
  Leonardo andou muito, chateado com o ocorrido. Quando parou, começou a pensar em Luisinha. Assim ficou um tempo até que percebeu que atrás dele acontecia uma festa de uma súcia (grupo mal falado). Estava de saída quando reconheceu que um dos membros da súcia era seu antigo amigo sacristão. Contou a ele tudo o que havia acontecido. O antigo amigo lhe convidou para seguir com o bando e Leonardo, que não sabia o que fazer, seguiu com eles.
  Leonardo se apaixonou por Vidinha quando a viu cantando modinhas. O problema é que já havia dois rapazes da súcia interessados nela. Leonardo até chegou a pensar em como havia se apaixonado por Luisinha, estranha, quieta, enquanto havia mulheres como Vidinha: morenas, sensuais e bonitas.
  A comadre depois de muito procurar seu afilhado foi na casa de D. Maria. O meste-de-reza já havia cumprido seu trabalho: trouxe o pai da moça do roubo misterioso, o qual sabia quem era o assaltante (não era José Manuel) e denunciou a Comadre para D. Maria. Muito esperto e observador, foi ele que descobriu que a comadre e Leonardo (filho) eram os inimigos de José Manuel.
  D. Maria já havia perdoado José Manuel e pensava que ele poderia ser o futuro marido de Luisinha. A Comadre, depois das reais acusações, pediu desculpas e foi perdoada. Ela percebeu que quem a desmascarou era o mestre-de-reza e sabia, que apesar de “atrasado”, Leonardo ainda estava na disputa por Luisinha.
  Leonardo havia se tornado agregado onde Tomás morava. Com o passar dos dias, ele e Vidinha se aproximaram muito, o que provocou raiva e ciúmes nos dois rapazes, que moravam na mesma casa. Certo dia, houve uma discussão na família devido a “Vidinha e seus pretendentes”. Um dos rapazes brigou fisicamente com Leonardo, o qual também reagiu. Quando apartaram a briga, Leonardo ia embora, mesmo sem ter para onde ir: “pesava sobre o infeliz desde criança uma espécie de sina de Judeu Errante”.
  Mas, nesse momento, adentrou pelo portão a Comadre: finalmente havia achado seu afilhado. Depois de contar toda a sua vida às velhas irmãs solteiras responsáveis da casa e essas contarem suas histórias às comadres, ficou decidido que Leonardo permaneceria com as irmãs, as quais o estimavam muito. 
  Os dois rapazes pararam de implicar com Leonardo durante dias: eles tramavam algo. Leonardo se aproximou ainda mais de Vidinha e a Comadre sempre ia visitar ele e suas novas amigas: as velhas irmãs solteiras. Em uma outra “patuscada” (festa) fora todo o grupo. Logo no início, o Major Vidigal apareceu e levou Leonardo para o desespero de Vidinha e para a alegria dos dois rapazes (que haviam armado tal situação).
  José Manuel ajudou D. Maria a vencer uma causa da justiça, o que a deixou felicíssima. Muito esperto, pediu Luisinha em casamento. D. Maria aceitou e Luisinha também, já que Leonardo havia a abandonado. José Manuel casou por interesse na herança que Luisinha iria receber assim que D. Maria morresse.
  Leonardo só pensava em fugir enquanto andava na rua com Vidigal e seus soldados. Assim que pôde, o fez e voltou para a casa de Vidinha, onde já havia formado dois grupos: um que acusava os dois rapazes do acontecido com Leonardo e outro que os defendia. Com a sua chegada, tudo se acalmou. Contudo, Leonardo provocou profunda raiva no Major Vidigal, o qual nunca havia deixado ninguém fugir. Logo a notícia se espalhou e o Major, que era extremamente respeitado, foi caçoado. Ele queria se vingar de Leonardo.
  Mas porque o Major queria prender Leonardo? Porque os dois rapazes, querendo vingança, lhe contaram que ele era um vadio, que “vivia de favor” na casa de sua mãe e que queria roubar a pretendente deles, Vidinha.
  A Comadre, sabendo do motivo da “quase” prisão de seu afilhado, logo lhe arranjou um emprego e o Vidigal não poderia se vingar (afinal, agora ele não era mais vadio). Leonardo trabalhava em uma ucharia (despensa de carnes) real.
  Mas Leonardo se envolveu com uma namorada de um toma-largura do palácio real (“...recebera de seu pai a fatalidade de lhe provirem sempre os infortúnios dos devaneios do coração”). Vidinha desconfiou e o toma-largura também, “pegando” os dois almoçando juntos. Houve uma briga e Leonardo foi despedido. Vidinha, que descobriu o motivo dele ter sido despedido, brigou com ele. Depois de muito esbravejar decidiu ir na ucharia na casa do toma-largura. Chegando lá, ela xingou ele e sua namorada. Só que o tal empregado se encantou por Vidinha e decidiu que ia “ter um caso” com ela: era a melhor maneira de se vingar de Leonardo.
  Leonardo, preocupado com o que poderia acontecer, seguiu Vidinha que estava muito apressada. Quando foi entrar na ucharia, o Major Vidigal, que já o esperava a partir do momento que ele se tornou desempregado , lhe pegou. Leonardo permaneceu desaparecido por dias. Nem mesmo a Comadre conseguiu notícias dele. A família de Vidinha começou a desconfiar que ele não aparecia porque não queria, e achou isso a maior ingratidão possível.   E passaram a odiá-lo, principalmente Vidinha, a qual ainda tinha raiva dele pelo “amor ofendido”. 
  O toma-largura passava todo dia pela casa de Vidinha. Todos da família perceberam o interesse do homem e acharam-no um ótimo pretendente para ela.
  Após alguns dias, resolveram fazer uma súcia e o toma-largura foi convidado. Só que ele era um bêbado. No final da festa, embriagado, se irritou e começou a atirar objetos, quando apareceu o Major Vidigal e seus granadeiros. Um dos granadeiros avançou para o toma-largura lhe dizendo que tinha contas a acertar. Era Leonardo, o qual o capturou e ia levá-lo para a Casa de Guarda. Contudo, o toma-largura desmaiou no caminho e eles resolveram deixa-lo por lá: “era a mais bela vingança”.
  Mas como Leonardo havia se tornado granadeiro? Depois de ser capturado pelo Major Vidigal, abriu uma vaga para granadeiro, e o Major, sabendo que Leonardo era esperto e astuto, fez com que ele se tornasse seu novo granadeiro. Só que mesmo na carreira militar, ele cometia diabruras. 
  Certa vez, o Vidigal ouviu boatos que aconteceria uma grande festa, e que ultimamente nessas festas cantavam cantigas pejorativas sobre ele.A festa era uma oportunidade perfeita para o Major checar se realmente estavam tirando sarro dele. Junto com os granadeiros, montou um plano. O combinado era que Leonardo conferisse se a festa estava acontecendo e desse um sinal para os granadeiros. Leonardo deu um assovio que significava que nada ocorria, porém não votlou. O Major e os granadeiros, depois de ficarem esperando-o por muito tempo, decidiram ir procurá-lo.
  Chegando ao local viram que a festa realmente acontecia e que havia um sujeito deitado no chão com a cabeça coberta que representava o Major Vidigal morto. O Major, depois de esvaziar a casa, ordenou que o sujeito, que tentou fugir, tirasse o saco da cabeça. Era Leonardo. Para a surpresa de todos, o Major não fez nada, o que causou remorsos em Leonardo.
  Um tempo depois, o Major decidiu capturar Teotônio em uma festa, o que já queria há tempos. Essa festa era o batismo da filha de Leonardo-Pataca. O Major pediu a Leonardo que fosse ao batismo, para vigiar Teotônio e avisar o Major na hora em que estivesse indo embora. Leonardo não queria, pois estava brigado com seu pai e com sua madrasta desde a época em que foi ameaçado com a espada, todavia sentia que devia algo ao Major e foi.
  Ao contrário do que pensou, ele foi muito bem recebido e durante a festa “começou o Leonardo a sentir remorsos pelo papel de Judas que ali estava representando”. Então, resolveu ajudar Teotônio, dizendo o porquê dele estar ali. Os dois se juntaram e montaram um plano. Leonardo saiu da festa quando já era madrugada e avisou o Major que Teotônio estava vindo. O Major se deparou com um aleijado e após isso só passavam pessoas normais que estavam indo embora da festa. O Major foi cobrar de Leonardo o porquê de Teotônio não ter passado ali. Ele afirmou que Teotônio havia saído da festa com um chapéu de palha e jaqueta branca. O Major percebeu que Teotônio era o aleijado com quem ele tinha se deparado (Teotônio possuía grande talento para imitar).
  Logo pela manhã, o Major e os granadeiros estavam se retirando do local, quando veio um amigo de Teotônio agradecer a Leonardo por ter ajudado o amigo, sem perceber a presença do Vidigal, o qual ordenou prisão a Leonardo.
  José Manuel entrou em guerra com D. Maria e se mudou de casa. Fez isso porque já estava casado, seu dote e sua herança estavam garantidos. Ele não deixava Luisinha sair e a maltratava e essa, sentia falta de Leonardo, das missas e de D. Maria, coisas que ela nunca havia dado muito valor.
  D. Maria, surpresa e decepcionada com José Manuel, entrou em uma ação contra ele. Ela e a Comadre voltaram a se falar e estavam mais unidas do que nunca. Uma prometeu ajudar a outra. A Comadre, quando soube da prisão de Leonardo, foi implorar para que o Vidigal o soltasse. O Major foi inflexível e disse que além de ficar preso, o rapaz também levaria chibatadas. Extremamente desesperada, a Comadre foi pedir ajuda para D. Maria. Ambas foram na casa de Maria-Regalada com uma única esperança: que ela fizesse o Major mudar de ideia.
  Partiram as três para a casa do Major Vidigal, o qual se intimidou com a presença delas. Depois de muita discussão, do Major derramar algumas lágrimas e, de um último golpe, uma promessa secreta de Maria Regalada ao Major, ele cedeu. Leonardo estava livre de tudo desde que Maria Regalada cumprisse com a sua palavra.
  José Manuel morreu de apoplexia (espécie de um derrame) quando voltava de um cartório, onde havia discutido com um procurador a respeito da ação de D. Maria contra ele. A morte foi o “juiz” dessa ação. Luisinha chorou, mas não era lágrimas de viúva (afinal, ele não merecia). Ela chorou como choraria por qualquer vivente.
  No final do enterro, Leonardo chegou com uma farda de sargento (“cargo alto” na época). Ele avistou Luisinha, a qual não via fazia tempo e se abalou. O mesmo aconteceu com ela. Conversaram por um bom tempo. Fazia tempo que eles não passavam por um momento tão agradável como esse. A Comadre e D. Maria perceberem o interesse mútuo do casal.
  Os dois começaram a namorar “escondidos”. O casal queria se casar e D.Maria e a Comadre também pensavam nisso. Só havia um problema: o cargo de Leonardo não permitia casamento. Leonardo e Luisinha se amavam, então ele decidiu diminuir seu posto para que assim ele pudesse se casar. Luisinha comentou com D. Maria seus planos e pediu ajuda.
  Mais uma vez, D. Maria procurou Maria Regalada, a qual estava morando com o Major Vidigal. Essa era a promessa secreta. Há tempos que o Vidigal pedia a ela que eles morassem juntos. Ela só demorou a aceitar por “capricho”, pois sempre desejou isso. O Major aceitou a proposta, já que achava certo Leonardo se casar com que gostava. Então, Leonardo foi rebaixado a Sargento de Milícias.
  Leonardo e Luisinha se casaram. Um tempo depois chegou a herança do padrinho barbeiro, D. Maria e Leonardo-Pataca morreram “e uma enfiada de acontecimentos tristes que pouparemos aos leitores fazendo aqui o ponto o final.”

Texto de Graziella Toffolo Luiz


5 comentários:

  1. Caraca muito bom!!! Me surpreendendo sempre com as análises! Meus parabéns ^-^
    Obs: Adore o "que babado,haha"

    ResponderExcluir
  2. legal....me ajudou bastante com esse resumo....eu tenho uma prova amanha rsrsrs.... a uns 20 dias atraz eu tive uma prova do livro: viagens da minha terra... e goste muito, muito, muito do seu resumo... ai hoje quando fui estudar para o livro: memorias de um sargento de melicias logo lembrei do seu blog e fiquei feliz e com muita sorte de achar um resumo seu dele tbm !!! obrigado !!!

    ResponderExcluir
  3. Aí, muito obrigada :) E deu pra ir bem nas provas?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. sim !!!! tirei notas muito boas nas provas dos livros, seus resumos me ajudaram muito !!!! MUITO OBRIGADO !!!!! :D

      Excluir