Resumo de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
Autor e obra
Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro e era filho de um
mulato, gago e epilético. Ele se tornou o mais importante escritor brasileiro. Teve
uma infância pobre, embora não desprotegida. Depois, o “o salto” para o centro
da cidade (morava no subúrbio): a prematura militância cultural e jornalística, as noções do liberalismo e a entrada para o
funcionarismo público.
Machado soube crescer numa sociedade que lhe era hostil. Desde
menino, sonhava ser alguém na esfera da língua portuguesa. Contava, para isso, com
rara observação e grande faro para a critica. O jornalismo lhe deu a prática do
texto, o gosto pelo simples, a fuga á frase tradicional. Machado queria
escrever para todos, compondo obras, romances, contos, teatros, crônicas,
criticas, dentre outros.
Conforme sua vida foi passando Machado se tornou elitista?
Dizem que tinha vergonha da madrastra, que não se importava com os negros, que
fora “embranquecendo” aos poucos, etc. Teve uma vida recatada e caseira, casou-se,
foi nomeado para diferentes cargos (com destaque a Presidência da Academia
Brasileira de Letras). Morreu em 1908.
Características
- Obra realista.
- A crítica implícita do livro é a “constatação” de um
cenário contraditório da vida. Há no livro dois tipos de relação humana ( que
são opostas) : a relação fingida, são prazerosas e constituídas por ascensão, poder
e gozo e a relação verídica, são dolorosas e constituídas por acontecimentos
que a natureza, o tempo ou o acaso impõe.
- Narrador-personagem, onisciente. É um defunto-autor que
“regula” ou “censura” o que vai transmitir; valorizando suas análises, suas conclusões em
detrimento do real.
- O tempo é uma das estruturas centrais, estando ele fora de
nós e até mesmo contra nós.
- Há no livro personagens felizardos, mas não felizes. Ninguém
consegue ser sincero ou verdadeiro.
- Para Brás, as certezas absolutas são tolas.
- A maior parte dos realistas julgara a vida humana por
princípio fracassada, o que não ocorre em Memórias Póstumas de Brás Cubas.
- Há no livro um pessimismo; uma insistência na dor, no
fracasso, na implacável passagem do tempo.
- Universalidade
- É uma historia de amor adulterino, sem idéia de pecado. Quanto
a sensualidade, Machado prefere sugerir, não declarar.
- Quem erra, paga, e quem não erra também paga. Portanto, a
dose de sofrimento não é proporcional á dose de erros cometidos.
- Em algumas partes o autor usa a “ausência capítulos em
branco de palavras” para expressar com mais precisão o que se quer dizer.
- O livro inaugurou o realismo no Brasil.
- Não há nenhum compromisso com o leitor, ao contrário do
que ocorre em “Dom Casmurro, em quem o narrador precisa convencer o leitor, precisa
de sua aceitação.
- Metalinguagem: Machado convida o leitor a refletir sobre a
estrutura da obra e perceber dois níveis de leitura: a que revela diretamente o
personagem e a que faz o objeto de critica do autor.
- Várias vezes é citado livros, frases, acontecimentos
históricos (intextualidade).
- Digressão : “vai e volta” no tempo.
- Ironia, no livro, é um recurso para fazer o leitor
desconfiar das declarações de Brás.
- O gênero narrativo do livro chama-se sátira menipéia. O
principal desse gênero é que ele mistura as crenças mais contrárias e vira de
cabeça para baixo as crenças mais notáveis de uma época.
Tempo e espaço
A sociedade são as classes altas da vida carioca. A época
vai do primeiro ao último reinado. Gravitam em torno da elite a classe média e
alguns da classe baixa. Machado mostra esses contrastes.
A sustentação do país era agrária, com ênfase na exportação
de matéria-prima e na importação de manufaturados. Nossas elites eram
precárias, utilizando muito a cultura européia e o autor mostra essa máscara.
Personagens
Brás Cubas- filho abastado da família Cubas, é o
defunto autor, contado suas memórias após sua morte. Era um burguês arrogante e
entediado, muito apegado ao dinheiro. Sempre foi incapaz decidir sua própria
vida, sendo a única oportunidade em que tomou uma posição firme foi durante a
partilha dos bens de seu pai. Se mostra, diante de alguns acontecimentos em sua
vida mesquinho, vingativo e preconceituoso.
Venância- sobrinha de Brás.
Virgília- era formosa, apegada ao dinheiro e ao
“status”, foi o grande amor de Brás.
Nhonhô- único filho de Virgília e Lobo Neves.
Ildefonso- tio de Brás, cônego, puro e severo. Possuía
um espírito medíocre.
João- tio de Brás, militar, vida galante e “língua
solta” (falava besteiras).
D. Emerenciana- tia materna de Brás, era quem possuía
mais autoridade sobre ele (durante sua infância).
Dr. Vilaça- glosador (poeta), cabelos grandes, era
admirado (e até invejado).
Quincas Borba- durante o livro passa por profundas
transformações. Autor da teoria do Humanitismo. Era colega de sala de Brás, nessa
época inventivo e travesso.
Marcela- foi em quem Brás deu o primeiro beijo, sua
paixão adolescente.Luxuosa, inescrupulosa, impaciente, movida por dinheiro e espanhola.
Sabina- irmã de Brás
Cotrim- marido de Sabina, honesto, trabalhador, avaro,
se envolvia com o tráfico negreiro.
Sara- filha de Sabina e Cotrim, morre no decorrer do
livro.
D. Eusébia- possuía um caso com Dr. Vilaça desde
quando Brás era menino.
Conselheiro Dutra- pai de Virgília, possuía influência
política.Risonho, jovial e patriota.
Eugênia- fruto do caso de Dr. Vilaça e D. Eusélia
(chamada por Brás de “filha da moita”, já que quando criança flagrou os dois se
beijando atrás de uma moita). Era morena e bonita, porém coxa (fato bem
retratado no livro).
Lobo Neves- marido de Virgília, era ambicioso e
possuía uma carreira política sólida.
Luís Dutra- primo de Virgília, escrevia versos. Desconfiava
do romance de sua prima e Brás.
Baronesa X- bonita, elegante e fina. Desconfiava do
romance de Virgília e Brás.
Viegas- idoso, avaro, muito doente e rico. Parente de
Virgília, desconfiava do romance dela com Brás.
D. Plácida- dona-de-casa, teve uma vida de muito
trabalho e sofrimento (pobreza). Cuidava da “casinha” de Brás e Virgília.
Damasceno- casado com a irmã de Cotrim, se fingia de
rico, revolucionário e patriota: um poço de aparências e de frustrações
escondidas.
D. Eulália (ou Nhá Loló)- filha de Damasceno, era
graciosa, possuía uma voz mimosa, gostava de óperas e cantava.
Prudêncio- escravo de infância de Brás, ganha mais
tarde sua alforria.
Síntese
Escrito em 1°
pessoa, Brás decide, já morto, no além, começar a contar sua historia pelo fim. "Não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor”.
Brás morrera aos 64
anos, menos por pneumonia e mais por uma “ideia fixa” (criação de um emplasto):
fracassa na invenção do emplasto, com que curaria a humanidade e ficaria
célebre ( e famoso, seu principal objetivo). Em seu enterro compareceu 10
pessoas.
O nome Cubas vinha
de tanoeiros, profissão nada aristocrática.O defunto conta que seu pai tentava
maquilar essa origem.
Virgília, dias antes
de sua morte, veio visitá-lo. Ele estava de cama e ela sentou-se ao seu lado, contando
as notícias da cidade. Ele pediu que ela ficasse e dois dias depois ela veio
com o seu filho.
Ele começou a
delirar, foi uma espécie de um sonho (logo no início desse capítulo que conta o
sonho o narrador avisa que ele é totalmente desnecessário para a compreensão do
livro, e que ele poderia ser pulado). Nesse sonho surgiu Pandora, gigantesca
mulher, que representava a força, a natureza. Ela era uma visão alegórica da
história humana, uma vez que a história era central na cultura do século
passado. Brás diz que a razão voltou ao seu cérebro e com esforço fez a loucura
ir embora. Logo ele morreu.
Brás nasceu em 20 de
outubro de 1805. Com 5 anos ganhou a fama de “menino diabo”. Cheio de
travessuras (montava em seu escravo, Prudêncio) e mal educado possuía um gênio
indócil. Seu pai o mimava (e o adorava) enquanto sua mãe (de pouco cérebro e
muito coração) o fazia decorar rezas e pedir perdão pelas suas travessuras.
Seu tio João não
respeitava a batina de seu próprio irmão Idelfonso nem a adolescência de Brás (falava-lhe
sobre sexo). Já Idelfonso possuía um espírito medíocre, uma vez que não via a
parte substancial da Igreja e sim a hierarquia. Contudo, era puro e severo.
A família de Brás dividia-se
entre os que adoravam e os que detestavam Napoleão. Quando Napoleão “caiu”, uma
parte da família resolveu dar um jantar comemorando sua destituição (o jantar
era o desejo de ostentação, de se comparar as elites europeias o que era
ridículo, uma vez que as elites brasileiras possuíam escravos e o Brasil era
exportador e dependente).
Nesse jantar D.
Villa glosava (montava versos) sendo o centro das atenções. Todos estavam
gostando, menos Brás, que queria comer a sobremesa (ainda era um menino).
Começou a espernear até D. Emerenciana pedir a uma escrava que o retirasse da
mesa.
Dr. Villa aproveitou
o acontecido e glosou sobre a exclusão de Brás, que decidiu se vingar. Mais
tarde, quando todos andavam pela chácara, o menino seguiu Dr. Villa e viu ele
atrás de uma moita beijando D. Eusébia. Como vingança, saiu gritando o
acontecimento a todos: “O Doutor Vilaça deu um beijo em Dona Eusébia!”.
A escola foi
“comum”. Brás afirmou que só aprendeu devido aos castigos da palmatória. Um de
seus colegas era Quincas Borba, muito travesso e inteligente.
Brás, com 17 anos, se
apaixonou por Marcela. Em uma festa na casa dela ele a beijou. Houve dois
períodos em seu amor: um foi a disputa com outro moço, Xavier e outro foi de
Marcela só para Brás.
Brás gastava muito
com ela (presentes), dos quais muitos eram jóias. Seu pai descobriu que ele
devia 11 contos de réis, se enfureceu e avisou-lhe que ele iria estudar em
Coimbra (Lisboa) para se distanciar da moça.
O adolescente contou
a Marcela sobre a “crise” e pediu que ela viajasse junto com ele. Ela não quis
ir até quando ele lhe deu um pente de diamantes. Com o luxuoso presente Marcela
aceitou seu pedido.
Saindo da casa da
amada Brás foi pego por seu pai que o enviou para Lisboa. Marcela, contudo, não
foi ao cais: a luxuosa adolescente o enganou. ”Marcela amou-me durante 15 meses
e 11 contos de réis”.
Brás iniciou a
viagem muito triste e deprimente (pensava em se matar), devido ao abandono de
Marcela. O chefe do navio era um capitão-poeta (durante a viagem leu seus
versos para Brás), com sua esposa enferma, que morreu durante a viagem e foi
jogada ao mar. Terminou a viagem bem, resolveu esquecer Marcela e como o
capitão-poeta disse ele tinha “ um grande futuro!”.
A viagem é a
“ligação” entre dois mundos, dois estados, dois momentos de vida: terminava a
adolescência, começava a mocidade. Logo pode-se dizer que essa passagem é uma
“ilha” no livro.
Brás se formou e
guardou o diploma, pois ao mesmo tempo que esse lhe dava liberdade também dava
responsabilidade, e foi viajar pela Europa.
Em uma dessas
viagens seu cavalo ficou estressado e disparou, quando um almocreve (homem que
se ocupa em conduzir bestas de carga) ajudou-o. Era um homem simples, mal-vestido,
mas de um coração enorme, o qual o acompanhou em uma parte da vigem.
De principio Brás
pensou em retribuir o favor que o almocreve fez dando-lhe três moedas de ouro, depois
uma, depois somente uma de prata. Deu-lhe a de prata, mas depois se arrependeu
e achou que tinha que ter lhe dado apenas uma de bronze. Isso mostra o quanto
Brás era mesquinho.
Brás recebeu uma
carta de seu pai o qual pediu que ele voltasse, pois sua mãe estava muito
doente. Ele voltou e se sentiu renovado por entrar novamente em sua “terra”. Sua
mãe realmente estava mal e logo morreu. A morte de um entre próximo lhe pareceu
estranha e obscura.
Brás recusou o
convite da irmã e do cunhado para morar com eles e foi para uma antiga
propriedade de sua família, junto com Prudêncio. Durante alguns dias ele se
manteve solitário, pensado no ocorrido. Ele disse que quando sua mãe morreu
nasceu nele uma flor hipocondria (tristeza profunda; melancolia).
Prudêncio avisou-lhe
que D. Eusébia mudou para uma casa vizinha. A mulher teve uma filha chamada
Eugênia com Dr. Vilaça. Ele a chamava de “flor da moita” e ela já era uma
adolescente. Brás decidiu visitá-las e depois voltar a morar na cidade.
Seu pai veio
visitá-lo e disse que um regente havia mandado uma carta de pêsames e que ele
deveria ir agradecer (para assim obter um cargo político). Disse também que ele
precisava se casar com uma moça chamada Virgília.
Brás fez um capítulo
para falar que era a mesma Virgília que veio visitá-lo em seus últimos dias. Nessa
época ela tinha 16 anos, era bonita, fresca, ignorante e pueril.
Inicialmente Brás
disse que ou aceitava casar ou entrar na carreira política. Seu pai lhe disse
que poderia ser, desde que ele fosse feliz. Com tais palavras a “flor de
hipocondria” voltou a ser botão e deixou outra flor brotar, ”o amor da
nomeada”, a mesma do emplasto Brás Cubas. Assim ele aceitou os dois pedidos do
pai, que satisfeito foi embora.
Brás entrou no
quarto e viu uma borboleta preta pousada no retrato do seu pai. Aquilo o
incomodou (associou a cor preta da borboleta com um possível acontecimento ruim
com seu pai) e ele bateu na borboleta,matando-a. Foi visitar D. Eusébia.
Conheceu Eugênia que
já tinha 16 anos. Achou-a bonita. No dia seguinte ele foi jantar na casa delas,
por insistência de D. Eusébia. Quando estavam andando pela chácara percebeu que
Eugênia mancava, perguntou se ela havia se machucado e ela respondeu que era
coxa. Ele se sentiu grosseiro.
Brás deixou-se ficar
pelo resto da semana. Ele se excitava com Eugênia, porém, ela era coxa. Depois de
dias juntos, aconteceu o 1° beijo, o que fez Brás lembrar do beijos de D.
Eusébia e Vilaça. Tempos depois Brás decidiu ir embora antes que se apaixonasse
mais por Eugênia, afinal, ela era coxa. Eugênia reagiu mal, pois, ela percebeu
o motivo que seu amado a deixava.
No romance Brás
compara Eugênia a borboleta preta. Ele (como já havia pensado) não mataria a
borboleta se ela fosse azul. Ele também não deixaria Eugênia se ela não fosse
coxa (manca). Esse é um exemplo de digressão. A borboleta representava Eugênia,
por isso pousou no quadro do pai de Brás. Se Brás a aceitasse (mesmo sendo
coxa), iria atrapalhar os planos de seu pai.
Brás voltou a cidade
e conheceu Virgília e o Conselheiro Dutra. Virgília era como seu pai havia
descrito e eles se deram bem.
Brás estava indo
para o seu primeiro discurso na câmara dos deputados quando seu relógio
quebrou. Entrou em uma relojoaria e se deparou com Marcela, feia, com uma
aparência velha, arrependida. Ela contou-lhe de sua vida: havia se tornado
viúva e o que restará era a relojoaria, a qual não era muito frequentada.
Apesar de tudo, a
espanhola ainda era ambiciosa. Seu relógio ficou pronto e ele se foi, chegando
atrasado em seu compromisso. Virgília se chateou com o atraso.
De repente surgiu
Lobo Neves, que não era mais bonito que Brás. Em poucas semanas ele “roubou”
Virgília e o cargo político que ele almejava na câmara de deputados. Brás não
se abalou muito. Virgília casou-se porque Lobo Neves prometeu fazer dela uma
marquesa.
Relatando o término
do namoro, Brás escreveu no livro: “O lábio do homem não é como a pata do
cavalo de Átila, que esterilizava o solo em que batia; é justamente o
contrário”. Tal frase sugere que o futuro filho de Virgília, Nhonhô, podia ser de
Brás, lembrando que essa temática também ocorre em Dom Casmurro.
O pai de Brás não aguentou ver seu filho perder a carreira política e o casamento. Dentro de 4
meses morreu, não conformado por não ter conseguido deixar Brás em uma “posição
melhor”.
Houve uma briga para
dividir a herança entre Brás, Sabina e Cotrim. Foi a primeira briga dos irmãos.
Sem Virgília e brigado com Sabina e Cotrim, Brás passou anos em solidão, escrevendo
política e literatura para os jornais.
Arranjou um
“companheiro”, o Luís Dutra, que também escrevia. Seus versos eram mais
valiosos que os de Brás. Porém, ele sempre ia na casa de Brás pois era inseguro
e queria a opinião dele sobre seus novos versos. Brás falava de tudo, menos do
que achou dos versos, justamente para desanimá-lo e destruí-lo.
Em uma dessas
visitas Luís comentou com Brás que Virgília e Lobo Neves (já era deputado)
haviam voltado pra o RJ com um filho, Nhonhô.
Foi em um baile o
reencontro de Brás e Virgília. Eles valsaram juntos e a cada baile se
aproximavam mais. Brás se encantava com ela e passou a sentir que possuí-a.
Em uma dessas noites
de baile, voltando para casa, Brás achou uma moeda de ouro. Mandou uma carta a
polícia pedindo que achassem o dono. Tal acontecimento se espalhou pela cidade.
Um dia, caminhando
pela praia, Brás achou um embrulho com 5 contos de réis. Ao invés de devolver, ele
pegou o dinheiro para ele e foi depositá-lo no Banco do Brasil. No banco, todos
elogiaram-no por ter devolvido a moeda de ouro, o que é irônico, pois o
dinheiro do embrulho (que tinha um valor muito mais alto) Brás não devolveu.
Em uma noite Brás e
Virgília se beijaram e a partir daí o romance fluiu. Só agora Brás percebeu que
antes de surgir Lobo Neves, em seu namoro, ele amava Virgília. Na época, amava
só, sem saber que amava. Só agora ambos entenderam que se amavam.
Um dia Lobo Neves
desabafou com Brás, dizendo que estava “chateado” com sua vida, que a política
era suja. Depois pediu segredo e sentiu que não devia ter desabafado.Logo
depois, andando na rua, Brás avistou seu ex-colega, que hoje era ministro e
isso fez Brás querer ser também.
Mais a frente surgiu
um mendigo que o reconheceu. Era Quincas Borba, o amigo de infância, agora
maltrapilho e pensador do Humanitismo (ou Borbismo). Brás se abalou com a
situação dele, lhe deu dinheiro e ofereceu-lhe um emprego.
Quincas aceitou com
muita felicidade o dinheiro, conquanto recusou o emprego. Abraçou Brás e se
foi. Quincas, no abraço, havia roubado seu relógio.
Dias depois foi ver
Virgília e a encontrou triste. Ela achava que Lobo estava desconfiando de sua
traição e tinha medo de ele matá-la. Brás propôs que eles fugissem, porém Virgília
assustou-se e não disse nada. Lobo Neves chegou e Brás jantou com eles. Dentro
de Brás iniciou-se uma raiva de Virgília e ainda mais de Lobo. Foi embora.
No dia seguinte foi
vê-la e encontrou-a arrasada pelo modo com que ele a tinha tratado no jantar
(com frieza). Brás disse que o amor tinha acabado e houve uma discussão, porém
logo pediram desculpas e se preocuparam se alguém não havia ouvido a briga. Chegou
a Baronesa X e Brás foi embora.
Brás Cubas recebeu
um bilhete de Virgília, o qual dizia que a Baronesa X lhe contou que muitas
pessoas estavam comentando da suposta relação deles.
Escondido, Brás foi
conversar com Virgília. Ela não ia fugir, pois amava Brás tanto quanto sua
aparência pública. Resolveram então arranjar uma casa discreta, um ninho de
amor. Surge uma casinha na Gamboa. Plácida,a antiga servidora de Virgília, vai
lá residir, para manter as aparências.
Brás encontrou na
praça Prudêncio, seu ex-escravo batendo no escravo no escravo dele, que era um
bêbado. Brás reprovou tal atitude e pediu que Prudêncio o perdoasse. O
intrigante é que Prudêncio, agora livre, decidiu ter escravo. Onde fica a
triste experiência do escravismo? O narrador conclui que Prudêncio era assim
porque sua liberdade foi dada (e não conquistada).
Para que D. Plácida
mantivesse em segredo o romance proibido, Brás lhe pagou uma quantia altíssima.
D. Plácida perdeu os pais cedo, casou-se, teve uma filha que fugiu com um
homem, se tornou viúva. Teve uma vida difícil e sofrida até encontrar Virgília.
Neves foi convidado
para uma presidência de província, no Norte. Os amantes temeram a iminente
separação. Brás foi convidado por Lobo para ser seu secretário em seu novo
cargo e ele aceitou.
Sabina ,Cotrim e
Sara foram visitar Brás. Finalmente fizeram as pazes. O casal deixou claro que
não gostavam muito da ideia de Brás ir para o norte.
No dia seguinte Brás
começou a “divulgar” que iria ser secretário de Lobo e mudar-se. As pessoas
olhavam com desconfiança, riam com malícia. Enfim, o caso já era público. Cotrim
disse-lhe que ir para o norte com Lobo e Virgília era muito arriscado.
Na casinha na
Gamboia Brás foi encontrar a amada. Ele contou a ela que estava pensando em
desistir de ir para o norte. Ela riu e contou-lhe que não era mais necessário
preocupar-se, pois a nomeação de Lobo Neves saiu no jornal justo no dia 13 e
ele tinha bronca desse número.
O pai de Lobo
“morreu no dia 13, 13 dias depois de um jantar em que havia 13 pessoas.A casa
em que morrera a mãe tinha o n° 13.” A superstição transforma Neves num
palhaço.
A quase separação
fez Brás e Virgília se amarem com mais ardor. Esse foi o ponto mais alto do
romance.
Viegas morreu em uma
tarde em que Brás e Virgília foi visitá-lo, discutindo com um comprador que
queria comprar sua casa por menos de 40 contos de réis. Além de “mão-de-vaca”
era muito doente. Virgília sempre o tratou muito bem, com o interesse em que
ele deixasse uma parte da sua herança ao seu filho, o que não aconteceu.
Virgília estava
grávida, supostamente de Brás, que passava horas conversando com o embrião, imaginando-o
de todas as formas: bebê,adolescente,adulto,mas em todas elas ele era um
homem,e nunca uma mulher.
Brás recebeu uma
carta de Quinca Borba junto com um relógio parecido com aquele que ele roubou
(inclusive marcado com as iniciais de Brás). Somente pelo fato de ter devolvido
o relógio, percebe-se que suas condições de vida estavam melhores.
Damasceno veio
entregar a Brás um convite de Cotrim para que ele fosse jantar lá, e Brás ficou
encantado com a pessoa e as histórias de Damasceno (o que não passava de
aparências).
Após o jantar
Sabina perguntou o que Brás achou de D. Eulália (filha de Damasceno), afirmando
que ele tinha que casar com ela, querendo ou não, pois já estava muito velho
(por volta de 50 anos).
Brás foi visitar
Virgília e Lobo Neves estava lá. Ele reparou que quando perguntava da gravidez
Virgília se acanhava. Era que ela tinha medo (pois no primeiro parto, de Nhonhô,
ela quase morreu) e tinha vexame de estar grávida, já que isso iria privá-la de
ir em certos lugares.
Virgília perdeu o
bebê e Lobo e Brás se abalaram também. Lobo recebeu uma carta anônima que
denunciava o envolvimento de Brás e Virgília. A partir disso Lobo começou a
tratar Brás friamente.
Brás não entendia o
motivo do afastamento e um dia foi visitar Virgília e sem querer ouviu Lobo
conversando com Virgília sobre a carta anônima (ele esperou ela se
restabelecer do aborto).
Brás se chateou com
a reação da amada que reagiu com tranqüilidade moral e sem nenhuma comoção, apenas
dizendo que era uma calúnia infame.
O casal se encontrou
na casinha em Gamboia, onde Virgília disse que Brás não merecia os sacrifícios
que ela lhe fazia passar. Ele silenciou e foi dar-lhe um beijo na testa e ela
recuou. Entre a boca e a testa poderia haver ressentimento,desconfiança e/ou
saciedade.
Brás foi ao teatro e
ele e D. Eulália se atraíram. Encontrou Lobo Neves, o qual voltou a lhe tratar
como antes.
O casal mais uma vez
foi se encontrar em Gamboia quando Lobo Neves apareceu. Brás se escondeu num
armário e D. Plácida contou a Lobo que Virgília veio visitá-la. Logo Neves e a
Virgília se foram.
Brás se preocupou com
o que poderia acontecer a ela. Pensou que era melhor ele se casar logo com D.
Eulália e acabar com esse jogo perigoso. Assim que pode Virgília mandou-lhe um
bilhete dizendo que Lobo estava desconfiado e que precisavam tomar mais
cautela. O bilhete não demonstrava emoções.
No mesmo dia Brás
recebeu a visita de Quincas Borba, que enriqueceu depois de ter recebido a
herança de um tio. Não apresentou sua teoria (Humanitismo) porque Brás pediu, afirmando
que estava em um dia ruim.
Uma semana depois
Lobo foi nomeado para a presidência de um província no Norte, e dessa vez a
publicação saiu no jornal no dia 31. O casal se despediu sem choro e sem
desespero.
Inicialmente Brás
agiu como um viúvo, ficando em casa sem fazer nada. Conforme o tempo passou ele
foi voltando gradualmente a sua vida pessoal. Nesse período a filha de Cotrim
nasce, Venância, e o seu tio Cônego faleceu.
Sabina “arranjou”
todo o casamento de Brás e Nhá Lobo sem que ele percebesse.J á Quincas
apresentava sua teoria humanista, querendo que ele se convertesse ao
humanitismo. O Humanitismo prega que o mais importante é o seu nascimento (sem
ele você não estaria vivendo) e logo, você mesmo. A dor é uma ilusão. Borba leu
para Brás seus volumes humanitistas, fascinando-o.
Havia três forças
que agiam sobre Brás naquele momento: Sabina,Quincas Borba e uma vontade de
agitar (a multidão o atraía).
Sabina exigia que
Brás se casasse. Ele aceitou já que naquele momento sentia necessidade de fazer
algo. O casal começou a sair na presença de Damasceno que certa vez apostou
numa briga de galo, provocando vergonha na filha. Quincas apoiava o casamento.
Sara, filha de
Cotrim, faleceu, abalando muito o pai. Eulália morreu de febre amarela aos 19
anos. Damasceno, um tempo depois, confessou que se
chateou tanto com a morte da filha porque convidou 80 pessoas para o enterro e
só comparecerão 12.
Mais uma vez Machado
de Assis livra Brás de uma colisão. Se ele se casasse passaria a viver com
pessoas falsas e interesseiras.
Lobo e Virgília
voltaram. Brás a encontrou em um baile, estava magnífica, enquanto ele já tinha
50 anos. Quincas disse que ele tinha que aceitar a lei do tempo e aproveitar
mais a vida. Brás concordou e decidiu se envolver mais na política.
Em seu primeiro
discurso Brás sugeriu diminuir o uso da barretina (chapéu de couro usado por
militares) usando, entre outros argumentos, que a barretina era anti-higiênica.
Com isso ganhou muitos oposicionistas e logo perdeu sua cadeira de deputado.
Se entristeceu. Quincas
então deu a ideia dele abrir um jornal, dizendo que ele não poderia parar de
lutar. ”Vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal”.
Brás recebeu uma
carta de Virgília afirmando que D. Plácida estava doente e precisava de ajuda. Pensou
em não ajudá-la, afinal já havia dado a ela 5 contos de réis. Mas ajudou, por
consideração à Virgília.
Levou-a para um
hospital no qual amanheceu morta uma semana depois “Saiu da vida as escondidas,
tal como entrara“. D. Plácida havia se casado com um homem, o qual fugiu com
seu dinheiro, por isso ela estava pobre de novo.
Brás lançou um
jornal oposicionista ao governo, o qual apresentava uma política humanista de
Borbas, sendo que Cotrim e Sabina foram contra o jornal. Cotrim publicou em
outros jornais que não concordava com as atitudes de Brás. Esse não acreditou
no que lia, considerando a falta de apoio do cunhado um problema insolúvel.
Depois de 6 meses e
jornal faliu. Lobo morreu e Brás sentiu prazer, pois se isso não acontecesse
logo Lobo se tornaria ministro. Brás foi ao enterro no qual Virgília se mostrou
muito abalada. Ela o traiu com sinceridade e agora chorava sua morte com
sinceridade.
Brás reconciliou-se
com Cotrim mesmo sem entender o porquê de sua declaração nos jornais. Foi
convidado por ele para participar da Ordem Terceira, uma organização humanitária.
Essa foi a fase mais brilhante de sua vida.
Após 4 anos, entediado,
saiu da ordem. Houve dois encontros importantes nesse período: Brás viu
Eugênia, em um cortiço, miserável e ainda manca e viu no hospital da Ordem
Marcela, a qual morreu, feia e magra.
Quincas foi para MG
e voltou parecendo um mendigo, como antes. Mas seu olhar estava diferente, era
um demente. Quincas disse a Brás que havia queimado todo o seu manuscrito
humanista e que iria reescrevê-lo. Tempos depois morreu em sua casa, ainda afirmando
que a dor era uma ilusão.
Brás logo adoeceu e
morreu, levando consigo a ideia emplasto, que iria curar a humanidade da
hipocondria. Não alcançou a celebridade do emplasto, não foi ministro, nem
casou. O que foi bom é que ele nunca precisou trabalhar, sempre teve dinheiro.
Assim sendo, só não saiu “quite” com a vida porque não teve
filhos. "Não tive filhos, não transmite a nenhuma criatura o legado de nossa
miséria".
Texto de Graziella Toffolo Luiz
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